terça-feira, 25 de novembro de 2008

O sequestro

Com exceção de mim, muitos já sabiam que me caberia, terminantemente, o papel de atuar neste caso. Desde os primeiros passos, da porta ao gabinete, desde as primeiras conversas, de colegas de trabalhos à gerência, estava tudo determinado: um curto caminho. Iria percorrer até chegar ao dia de hoje. Até digitar essas confusas notas de quem começa o que já estava determinado a fazer. Pelos outros.
Aos amigos, perdoem a decepção. Os mais ativistas que dirão, sem dúvida: entregou-se; foi engolido pelo sistema; caiu nos braços do capitalismo; belo traidor! Perdoem, afinal: tantas e muitas conversas travamos a respeito de não nos jogarmos neste presente precipício. Aqui me tenho, com armas nas costas, facas, adagas, foices, enxadas, revólver, espingarda de sal, empurrão, bomba caseira. O medo do extermínio, do fim. Trágico. Eis o que me move. Vejam, afinal! Aqui estou: nada de revolucionário, muito de covarde. Eis o verdadeiro eu.
Explico assim:
Fui ameaçado ontem, em linguagens menos poética (porque descobri: nao há poesia com armas nas costas). Chegaram, por trás, encapuzaram-me, vi o escuro, nada vi. Convocaram-me com uma voz a escrever este texto: "Assim o fazes ou de outra forma morrerás". Dor na cabeça, acordo em meio a transeuntes, todos preocupados com meu "desmaio". Ninguem viu? Aqueles dois homens ou três? Pegaram-me por trás, encapuzaram-me! Calo-me, pra nao pensarem que estou a delirar. Deliro. Sou pego outra vez.
Penso, repenso. Na calada da noite, aqui escrevo. Linguagem, podes dizer: de outro século, XIX em específico. O proprio Machado foi mais moderno. Tento continuar entre ele mesmo e José de Alencar. Nem tanto, nem tão pouco. Aqui estou: 25 de novembro, meados de 26. Me disseram pra dizer: alguma coisa de séria irá explodir na cidade. Aplaudirão-me os ativistas (afinal), perderei o emprego (portanto) . Segurem seus filhos, nao soltem seus cachorros. Tentem nao sair de casa, se possível. É exatamente assim: Marginais decidem acabar com o imperio da fome. Robins Hoods verídicos. Novas eras virão. Mandaram-me escrever um texto com ares retrógados. Pra amanhã começar outro, novo. Sou o editor do jornal que vocês liam até o dia de ontem. Fui sequestrado pra mudar as notícias. Amanhã, é o chamado, manchete, podem aguardar: linhas diferentes.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Por enquanto, poesia.

Escrevi, desde ontem.
Poucas linhas, mal traçadas, aliás
Um tanto de texto mal escrito,
escondendo qualquer intençao que seja.

E se há modo certo de se declarar, nao amo
Pq nunca consegui transformar tanto amor em letra.
Meu verso e prosa estão mortos.
ou vivem escondidos em mim.

Mandei salvarem minha poesia,
mas qualquer coisa levou-a embora
Nao há volta pra quem vai assim, livre.

Choro pelas minhas letras, antigas.
Pelas metáforas que saíam de mim, maquiando emoções.
tanto mar que era lágrima
tanto sorriso que é ser feliz
tanto desenlace que é tristeza
tanto escrito, deixado.

As saudades que tenho é dos contos que nao fiz.
tanto mundo guardado aqui dentro, só em mim.
dos que nunca serão contados.
Deixo-me levar por esse texto, caem lágrimas, me despeço.
queria contar coisas lindas, mas meu coração nao me traz mais historias.
Imagino algumas, escrevo poucas, admiro nenhuma.
um dia, volto a escrever aqui.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

De alguem que conheci I:

Ele a olhou com olhos de fogo.
Ela ali, pequena, encolhida, alheia a tudo ao redor.
Levara um fora recentemente, nao havia sido sua a decisao de sair.
Ela que ia, nesses tempos, de casa pro trabalho, do tabalho pra casa. Chorava, comia, dormia, tentava se concentrar em algo produtivo, mas chorava, comia e dormia mais uma vez.
E assim iam seus dias.
Uma boa amiga a levantara da cama. Entre bocejos e tropeços, trocou de roupa pra sair. O cabelo nao era o de antes, a roupa mal passada, maquiagem leve, sapato baixo pra nao aparecer.
Chegou e sentara, pedira um suco, depois um coquetel e mais uns dois pratos durante a noite. Quando estava se preparando pra procurar o terceiro no cardapio, ele passou por ela.
Ela ali, despreparada, sem querer nada da noite, sem querer nada de nada.
Pequena, encolhida, fechada em si.
E lá vem ele, caminhando até sua mesa, roubando a privacidade de sua noite, invadindo a intimidade de sua tristeza.
Olhos de fogo é certo. Desejo e mil vontade de conhecer seus segredos, sabia.
Tinha experiencia no assunto, 34 anos.
Pensou na resposta que daria ao seu "oi".

Dois "irs" pra contar historia

Prendeu os cabelos e sorriu pras amigas. Fazia tempo que nao se reuniam.
Ouviu a novela de cada uma, cada qual na sua vez e preparou-se pra contar a sua.
Tantas que amavam, mas derramavam-se em "mas" que as faziam, por vezes, tristes.
Falta de tempo, conflitos constantes, viagens eternas, brigas inuteis, ciumes e bobagens.
Choros, lágrimas, perdao, abraço e beijo.
Enredo de cada, escrevendo o ir.
Pensou nesse amor que as faziam ali, elas, mesmo com "porques" e "poréns" a contar historias.
Dos que nao se deixam quebrar facilmente.
Dos que vão, pq nascem pra ir.

sábado, 18 de outubro de 2008

Havia a luz do quarto, a lâmpada acesa sobre a cabeceira, a cama extensa meio desforrada e ao sorrir dois amantes cantavam qualquer coisa que entendiam como amor.

sábado, 11 de outubro de 2008

ismos e irs

E essa pessoa que eu conheço tão bem....
Me carrega pela mão com força, me levando pra mil lugares onde o sorriso é certo e o dia mais bonito.

....

De mil coisas no mundo, jamais acreditou em amor. E até lia os poetas e chorava com eles e por eles. Mas nada fazia com que chamasse esse tipo de coisa pra sua vida. E até moveu algumas paixões pelo mundo. Se envolveu em platonismo, e em outros ismos que ismos apenas eram e sempre seriam. Nunca colheu, em caminhos, coisas infinitas, constantes. Coisas pra sonhar com o pra sempre e construir um castelo bonito no futuro.

Eu falo por mim, nunca vi essa menina assim.
Tem alguma coisa de mais nela. Tem algo que nasceu e ficou tão grande que hoje é a menina, a menina que nao é mais ela. Ou até, desconfio bem, é mais ela do que nunca. Ensaiou o personagem durante mil anos. E agora despiu-se de qualquer fala ensaiada e deixa-se livre pra atuar como ela mesma. Sua fala, sua voz, seu corpo. Observe bem: nao tem algo a mais?
Tem, isso é certo. E o mais certo ainda é que o que tem é ele.

Ele apareceu com uma fala escrita e lhe deu texto e contexto pra sonhar. E depois reaparaceu com um sorriso tímido, uma voz, uma dança, um convite pra ser feliz. E ele, também ele, despiu-se de poréns e assim foi viver a vida. Vazios que ficaram pra trás, hoje são mais eles do que nunca, com o acrescentar de serem ele, ela. E ela, ele.
Duvido que viviam antes assim. Que compartilhassem tanto do mundo, deles mesmos, com outros. Pensavam eles, que um dia, seriam ouvidos com tanta atençao? Olha o rosto dela, ouvindo-o, olha o jeito dele falar! Nunca escutaram ou falaram tanto, como hoje. Escreviam e desabafavam ansiando serem "ouvidos". E hoje mil conversas engolem textos que antes escreviam.
E tinham eles essa certeza de que amor existe? Que também era pra eles, que era tão assim? Acho que ele e ela nunca imaginaram que teriam essa mão tao forte e firme pra caminhar pela vida. E nem achavam graça em coisas que hoje arrancam mil sorrisos de seus rostos. E ele nunca teve surpresas e ela nunca fez surpresas pra ninguém. Fora o apoio, o ouvir e tantos irs que desconheciam, presos, apenas, em ismos.


Acredito em mil dias pro mundo. E nesses mil dias mais, sei que eles viverão sorrindo. E que ela vai continuar caminhando a procura de cestas e caixas que guardam qualquer graça pra fazê-lo feliz. E ele vai desenhar corações com intenções de alegria. Vai lembrar dela em cada passo que dá. E voltar correndo pra contar seu dia. Pra dividir.
E aí o abraço, o beijo, o afago e conversas carinhosas. Esse apoio que só eles têm. Um pro outro. Assim. Como sempre, desde o começo. E em mil dias que virão desse mundo.

E isso é o mais certo de todos os certos em que acredito.
Essa coisa de ser dois, dupla, eles.
E eu falo por mim: nunca vi esses meninos assim, tao bonitos.

Mas é coisa de amor. Que muda eles, muda a vida, constrói, enfeita, alegra, embeleza, deixa leve, muda o mundo, faz sorrir, sonhar, dividir, compartilhar, ser par, muda tudo.

....

E essa pessoa que eu conheço tão bem....
Me carrega pela mão com força, me levando pra mil lugares onde o sorriso é certo e o dia muito mais bonito.

sábado, 27 de setembro de 2008

textinhos simples pra começar o dia:

Maria e o amor

Maria nao dormia há 3 dias.
Deitava em sua cama, suava noite adentro.
Pensamentos sobre tudo e nada lhe invadiam a cabeça.

Lembrou-se de lembrar o que nao conseguia esquecer.
O sorriso, a voz, a fala.
Uma noite em que conversaram até a madrugada e depois se despediram com um adeus.
Nao houvera troca de telefones ou intenção de manter contato.
Vidas teriam que nao poderiam ser invadidas por um sonho de paixão.
Ela olha pro lado e ver uma foto. Sorrindo pra ela um rosto conhecido.
Um amor que durava tantos dias e tantas noites e que já construíra tantas coisas belas.

E nao pense que Maria nao dormia por estar morrendo de paixao pelo estranho.
Ela estava era impressionada como o amor e a paixao eram coisas distintas, que nem se misturam, como dizem por aí, ou até podem ser misturados no começo de uma historia de um par. Mas o falecimento da paixao é certo.
E o amor é esse sorriso na cabeceira da cama.

Um parêntese para uma historia real

O sol do sertão queimava suas costas.
Olhou pro céu, olhou pro chão.
O buraco ainda quase raso, quase rente ao solo de seu terraço.

Já encontrava-se ali há três horas.
Tentava, com pouco sucesso, retirar o solo que transformara-se em pedra seca, em rocha dura com a secura.
Cavaria até a noite, pelo visto.

Nenhum homem da vizinhança, nenhum amigo de enxada, passara por lá.
Ontem a noite, recebera a curandeira, recebera seu cumpadre, sua irmã mais nova e o marido dela.
Quando o último suspiro calou, quando os olhos foram fechados, pessoas fizeram em nome do padre e foram embora.
Acendeu o candeeiro e velou o corpo de sua mãe.
Noite adentro, dia por vir.

Raiu o sol do dia e começara a empreitada.
Deus do céu, fazei o céu brilhar menos.
Sua mae deitada na cama, repousava o último sono.
Preparando-se pra dormir no solo duro do sertão.
quem sabe, assim, nascem flores.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

e o meu coração tem namorado.
que cuida.

Reencontro

-Sabe aqueles sonhos? Lembra deles? Eu realmente sonhei. Falam que muita gente diz que sonha pra criar qualquer ambiente fantástico. Não eu. Realmente sonhei tudo aquilo. Contigo, comigo, com a gente. Pode acreditar. Nunca menti ou fui falso. Nunca te disse que te amava pra poder te beijar ou te deitar em meus braços. Realmente fui e ainda sou tudo aquilo que eu te disse.

-...

- Talvez se voce tivesse acreditado um pouco mais em mim, em vez de ir, em vez de virar as costas e dizer que tudo foi nada...

- ....

-Nunca te culpei. Sei que participei do nada que a gente criou. Do vão, vazio, que a vida deixou depois de tudo ir. Nunca te culpei sozinha. Nao tenho porque mentir.

- ....

- E hoje é esse tempo de nãos. Não fomos, não somos, não seremos nunca. Todos os sonhos, tantos sonhos que eu sonhei de verdade... E o tempo do nao é tudo que existe.

-....

-Se é justo eu nao sei. Sei que penei, chorei, sofri. Ainda sofro quando lembro, aliás. Aí vem você e me diz oi. E eu vejo em teus olhos todos aqueles sonhos que eu tive....

-....

- Nao precisa ir. Você já voltou e isso muda tudo. Um oi, um sorriso, nesse olhar todos os sonhos. Nao precisa ir.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

(nuvens sao pedaços gigantes de algodão doce).

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

(Intervalo pro pânico)

Luz acesa às 3 da manhã. Dormi com o livro perto do rosto, como sempre.
Levantar, apagar a luz, tentar voltar a dormir.
Meus fantasmas me assombrando e minha imaginação indo além. Sempre além.
Ouço barulhos e penso que vêm da minha cabeça. Rugidos, ruídos, sons da minha fantasia; do medo.

Fecho os olhos e espero passar.

Enquanto isso, os sons aproximam-se cada vez mais da porta do quarto. Abro os olhos e vejo todo o azul da parede e do teto. Estou em outra casa, outro país. Longe, muito longe. E rangidos de madeira sobem a escada. Me concentro num soh pensamento, tentando nao entrar em pânico: '"é a dona da casa, é a dona da casa". Ruídos caminham pelo corredor. Espero, ansiosa, que ela bata na porta do quarto e me diga algo sobre consumo de energia elétrica.
O silêncio que segue faz crescer minha expectativa.

Levanto da cama e, sabe-se lá como, enfrento meus monstros e meus fantasmas. A incerteza da existência de alguém atras daquela porta nao me deixaria voltar a dormir. Reúno todas as minhas forças e me aproximo da porta.

Nada pra ouvir. Nem respiração, nem rangidos de madeira, nem qualquer espécie de som que confirme a existencia de alguem ali.
Abro a porta apenas pra confirmar que atrás dela nao existe nada.

......

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Introdução

Com o devido perdão àqueles que nao gostam de ficção, "Os quartos, o jardim e a sala":

Da porta do quarto mais alto da casa, via-se aquele jardim extenso, cheio de plantas mal cuidadas e projetos pretensiosos de flores belas. Havia um quê de melancolia e abandono; de quem planta e nao tem tempo de cuidar, ou até mesmo de quem planta e esquece.

Moro há 2 dias no quarto azul. Entrando pela sala e indo até a última parede, subindo pela escada de madeira e atravessando o corredor, passando o primeiro quarto. É o segundo.
A dona da casa nao fala muito sobre nada. Cheguei e até tentei travar algumas conversas, usando meu inglês fajuto em vãs tentativas de diálogos. Penso que ela nao entendeu ou nao quis conversa. Falou, como que pra se livrar logo de mim, algo que eu entendi como : "deixa eu te mostrar o seu quarto".
Olhei pros lados, tentando vislumbrar outros moradores ou fotos que dissessem mais sobre aquela mulher e aquela casa. Ninguém. Nem em vida, nem em fotos.

Rangiam os degraus, enquanto subíamos as escadas. Tive uma vaga impressao de que o quarto em que eu me instalaria cheiraria a mofo. Os olhos lacrimejaram e apertou a saudade dos meus pais e de lençóis limpos. Mas só choraria quando trancasse a porta.

Diferente do que eu imaginei, simpatizei com o quarto. Móveis antigos, mas bem conservados. Cheirava a flores frescas, mas a ausência de qualquer planta viva nos jardins da casa, me fez achar que a dona colocara algum cheirinho artificial qualquer, que disfarçasse algum outro cheiro mais estranho. Sorri e agradeci.
Antes de sair, ela me olhou durante alguns segundos. Sem saber o que fazer ou o que dizer, resolvi sorrir. Ela pareceu inexpressiva e indiferente ao meu gesto durante algum tempo que pareceram horas. Depois deixou rasgar um sorriso no rosto austero. E pequenas rugas sorriram com ela.
Desceu as escadas, sem dizer adeus.

Colocando minhas coisas no chao do quarto, pensei nessa noite nova que estaria por vir. E nos tantos outros dias.

.....

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Esse amor que desmancha nuvens e cria uma tela no céu.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Asas

Tinha aquela voz infantil e um sorriso no rosto que faz os olhos se encolherem.

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Acordara em um novo país. E a cama, mal feita, era testemunho de uma noite agitada. Corpo quente de amor, rosto sonhador. Deu bom dia pro dia e sorriu pro quarto novo. Levantou-se antes que preferisse morrer ali.

Era verdade que se conheciam pouco e que o amor que sentia parecia uma coisa que não existia: e mil absurdos proferiram sobre a sua loucura. E resolveu ivnentar uma lei onde qualquer loucura que fizesse sorrir, deveria ser posta em prática pelo mundo todo.

Abraçou o corpo, enquanto via, da janela, o novo sol, a nova paisagem, nova cidade, presente seu. Tantas cores vibrando, querendo ser vistas, conhecidas por novos olhos e muito horizonte pra deixar-se perder em sonhos. Pensou em voar janela afora e se jogar pro mundo. Mas esperaria sua chegada e assim se jogariam os dois: juntos, como aquele jogo que acabara de começar: o de ser dois, de ser par.

E assim, quando ele entrasse pela porta, saberia o que fazer. Abraçaria seu corpo bem forte, afastando o penúltimo e o último medo. E então se lançariam no absurdo do mundo. Voariam e voariam, sem vontade de chegada, sem lembrança de partida.

E todos os profetas que conspiram contra a loucura se calariam, olhando pro céu. Pq aquele era o presente que faria o futuro. De corpos que flutuam na imensidão, confiando que juntos não caírão.

Novos pares se jogariam de janelas altas e varandas de prédios suntuosos. E aqueles que viviam no chao, se permitiriam voar.

E na terra existiria menos gente do que no céu.
Pq o amor é leve e voa alto. E voa até longe, sem fim...

....

Deixou-se perder em sonhos e vôos errantes, abraçando o corpo ainda quente de amor e sonho, enquanto esperava que ele abrisse a porta.

domingo, 29 de junho de 2008

Historia de amor pequeno e amor maior.

Tinha duas alegrias na vida: fazer ela sorrir e sorrir com ela.

Esperava ansioso, cada dia, cada hora em que se encontrariam e conversariam sobre tudo ou coisa nenhuma. Ou sobre coisa nenhuma e tudo.

Duas mãos que se abraçavam porque nasceram pra esse entrelaço.
Pés que caminhavam juntos e sempre iam pra qualquer lugar que fosse e qualquer lugar que iam era sempre o melhor.

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Tinha muito mundo no mundo. E muitos caminhos na estrada. E podia, a qualquer tempo, sair dali.
E diziam que assim era mais livre e que mais livre era melhor.
Que cada bifurcação da estrada guardava um desejo, um prazer, uma surpresa que preenche coração e vida.

E ele pensou nos dias e noites que percorreu todos aqueles caminhos e nunca acalmou o coração.
E na ilusão daqueles que acham que o amor é coisa que se procura e nao coisa que se acha.
E daí dava adeus a cada um dos amigos e conhecidos que foram procurar coraçao e vida nas estradas.
E voltava.

Tem gente que precisa de muitas estradas e caminhos e muito mundo do mundo pra se sentir livre.
E tem gente que é livre em casa.

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E tinha duas alegrias na vida: fazer ela sorrir e sorrir com ela.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ela queria alcançar o céu e abraçar as nuvens.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sobre dar as mãos e ter a certeza que felicidade é coisa simples.
Abraçar, beijar, amar, sonhar e sorrir.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Agora

Sim, amor.
Tem esse buraco no peito, essa dor, essas mil e uma coleção de cicatrizes, arranhões da vida, marcas de quem é aquilo que foi e que foram com ela.
Tem essa coleção de decepção, esses mal exemplos que se assiste, essas tapas do mundo, de todos, de tantos.
Tem sofrimento, choro, lágrima que rola e rola e rola...
E talvez essa alma triste, presa em mim, pedindo espaços, pedindo abrigo, que acolho, vez ou outra, abrindo mão do meu sorriso e do que mais for.

Meu tempo é esse e também foi outro.
E nesse outro fui, eu mesma, colhedora de dias diferentes.
E era um sorriso sem graça, sem base sólida, firme, sem sustentáculo, sem fundamento, sem cor.
Fui eu que chorei naqueles dias e não tive teus braços, apoio, palavras, amor.
Eu era só em minha dor e chorei no escuro da minha vida.
E vi arco-íris e balões coloridos distantes de mim.

Eu guardo aquelas lembranças, poucas, que te contei.
Lembranças de colo de pai, de música sertaneja, de carinho e cantar.
Poucos dias assim, próximos.
E eu te conto que sei lidar com isso, que vou em frente, sem olhar pra trás e que sempre vou ao mundo bem.
Mas tem hoje.
E hoje eu choro.
Não quero, não preciso, não devo.
Mas a lágrima cai, assim, livre, como cachoeira. Mais de uma, até.
E é assim agora.

Mas, vem o mais tarde e a noite adentro e esses dias que eu vivo contigo.
Mais tarde te vejo, te ofereço um sorriso e colho em teus olhos e abraços essa força que anda comigo.
E volto a sorrir.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Escondeu-se o sol, descobriu-se a lua.

...

E todas as linhas que faltam não passam de intervalo.

Até logo.

domingo, 11 de maio de 2008

Sina de um amigo meu

Dizem que paixão é qualquer coisa que não sossega. Não deixa dormir, traz ansiedade, que traz fastio ou comilança e aquela agonia no peito, falta de ar, frio, dor, mil reviravoltas na cama e uma ressaca eterna de quem bebe sem parar a angústia da incerteza.

Eu, amante e amadora, nao vejo as coisas dessa maneira e posso bem falar que, na minha opinião, paixao é só um pedacinho de amor. Um pedacinho que antecede um abraço, um carinho, um cafuné, um dormir sossegado, um jogar beijinho na testa e dizer boa noite e até amanhã.
E no amanhã dizer bom dia e sorrir. E sair sorrindo dia afora.

Mas isso foi só um intervalo de quem, precisa opinar sobre algo que vive tão assim. Saindo das conversas sobre mim e passando pras conversas sobre os outros que nao concordam cmg, volto a falar de paixao, como uma agonia, uma doença, qualquer coisa que mistura o bom e o ruim e quase mata.

É o que dizem.
E o que dizem é assim: um amigo meu conheceu alguém. Faz um bom tempo que se conhecem e sempre existiu qualquer especie de interesse entre ele e ela. A dúvida dele é se o interesse apenas lhe pertence e se, vivem os dois, esse mesmo tempo de nao conseguir dormir. Essa agonia de estarem tao juntos e separados e esse fardo, que se nao tratasse de paixao nem seria fardo, de conversarem como amigos.

E é um jogar de intençoes, uma falta de clareza, mil recados turvos, mil conversas indecisas, sem um sim e nao, terminando num talvez e aí ficando. A ele, já falei: deixar essa historia menos embaçada e descobrir as intençoes e vontade de estar junto. E daí em frente conseguir dormir melhor.
E ele me diz que a pior coisa é a incerteza. Mas que é bem melhor do que a sombra de um "não". Eu entendo e escuto bastante.
E respeito a opiniao de cada um.
Mas, conheço bem meu amigo.
Não é por falta de coragem que essa historia vai ficar assim. Existe algo, existe alguma coisa, alguma coisa bem especial pra ele, nessa historia toda. E meu amigo sempre foi a fundo em coisas que ele achou ou acha especial.

E aí escuto ele dizendo que vai ficar parado.
Mas sempre enxergo ele indo em frente.

E esse texto vai pra ele.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Sobre o livro mais vendido

Li, faz pouco tempo.
Lendo, descobri que nunca soube escrever.
Eram linhas que eu sempre sonhei em traçar em versos que combinavam e deixavam cada pedaço de quem lesse saciado.
E eu sorri com cada cena que ele descreveu.
Soube falar de vidas que se perderam, como ninguém.
Descreveu as cores da morte e o outro lado da guerra.
Falou de cada uma das milhares de almas jogadas no colo da morte, numa epoca em que o proprio homem determinou que seria a mais triste das historias.
Descreveu sobre os artistas que deixaram cair acordeões, quando bombas chegavam sem aviso.
E sobre vestidos e paletós despedaçados.
Homens e mulheres em farrapos.
Vestidos pra morrer.

Sobre escolher quem vive e apontar quem morre.
E sobre o sufoco em chuveiros de gás.

Sobre meninos que choraram a morte de pais.
E pais que acompanharam seus filhos em escaladas para o céu.
E o céu que tanto abraçou os que o macharam de sangue.
E o vermelho que pintou aqueles dias...

Nunca conseguiria falar sobre guerra com poesia.
Nunca conseguirei suavizar a dor em versos que abrandem as almas dos que ficaram.
Mas agradeço que alguem consiga e saiba transformar tantas lágrimas em livro.
Fico feliz por isso.

Leiam: A menina que roubava livros.

domingo, 13 de abril de 2008

Mesmo chovendo e relampejando, hoje é o dia mais colorido do mundo.

sábado, 12 de abril de 2008

Onde estão as cores do dia?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Palhaço

Só sei que dois arco-íris aparecerão no infinito
e mais cores pra todos os dias.

....

O palhaço tem uma missao, eu sei, você sabe. Todo mundo percebe ou já viu que é uma mistura de sorriso infantil e satisfaçao de adulto. Missao de chegar e fabricar gargalhadas. De colorir onde é esperado, de tirar o cinza do dia, de chacoalhar o corpo e entortar o rosto em posiçoes quase impossíveis. E da sua desolação cavar uma graça. De destruir os rostos sérios e com pinceladas desenhar risos largos. E de nunca deixar cair uma lágrima sequer.

Que não seja sua, obviamente.

Pq existe duas partes do dia e na outra parte do dia, ele nao brinca de palhaço.

Mas tenta ser palhaço, ateh quando é homem. Faz parte dele, é coisa dele. Sobre coloridos e risos, nao se esquece tão fácil assim. Não pinta sorriso, deixa existir. E faz malabarismo com a vida, jogando pra cima e pra baixo, pro lado e pro outro, pra frente e pra tras, nao deixando cair, nunca deixando cair. Brincando, fazendo graça, cavando sorrisos por onde passa. "Afasta, afasta o arrastao de tristeza, deixa a minha nobreza ser maior e minha alegria cada vez mais forte e que minha voz chegue no sol", canta alto, canta sempre, canta quando precisa cantar.
E vai existindo meio a meio, exatamente assim.

Pq é palhaço demais esse homem
E é homem demais esse palhaço.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Um brejeiro

Mone tinha o costume de acordar-se lá pelas 12 da madrugada e ir, direto, encontrar-se com o céu.
Era um tal de se levantar da cama e dar três passos até colar o corpo na janela e se debruçar procurando a lua.
A janela era pequena e era como se, aqui debaixo, brechasse todo aquele brincar de brilhar das estrelas e toda aquela movimentação que só quem nota é quem muito para pra observar.
Deixava os olhos viajar pelo espaço e largava a imaginação até o infinito. Era estrela, era lua, era cometa, era planeta, era dragao de São Jorge, era a fada da estrela cadente ou qualquer coisa que significasse Mone voando no céu e largando o sorriso pelo espaço.

E, assim ela ia, entrando pela noite e pela madrugada, até q o dia pintasse de branco o escuro da noite, apagando estrela, lua, planeta, sonho, dragão, fada e toda a brincadeira da noite, toda a diversão de Mone.

Vinha o céu do dia e durante o dia mal tinha tempo de olhar pro céu.
Mas cada dia traz uma noite ou cada noite traz um dia. E assim Mone ia: esperando a noite e vivendo o dia.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Ensaio sobre um tipo raro

No mais, era um canto de encanto e uma prosa quase eloquente. Gesticulava com efeito, soltava palavras com suavidade. Nao deixava que o admirassem e que olhos admirados lhe cobrissem de paixao ou qualquer coisa quente. Timidez de ser visto mais que os outros. Vontade de ser apenas ele.
Tinha um rubor de leve que ia do rosto pro corpo, do corpo pro rosto e ia e vinha, colorindo e descolorindo toda a sua cena.
Não era príncipe, nao era rei, nem capitão. Jamais fora delegado ou advogado, juiz ou ladrão. Nem homem, nem menino. Nem bicho do mato ou descolado. Tinha apenas aquele ar, que carregava, de quem encanta sem querer. Um sorriso tímido, dentes alinhados, jeito de quem nao quer mandar no mundo, nem quer o mundo, nem deseja muito mais do que já tem. Jeito de quem tem medo do que vem pela frente, mas que nao titubeia em ir adiante e enfrentar o que quer que venha. Sem pretensão de vencer ou medo de chorar. Apenas querendo ser útil e se encontrar dentro de algo que seja bom pra ele e pros outros. É do tipo que quer oferecer o que tem de melhor pro mundo. Tipo pouco, tipo raro. Muito raro, nesses dias.

Nao sei se ele sabia ou se já observara, que nao tinha como nao prestar atenção quando falava. Aquele jeito simples de quem se afirmava de leve e dizia o que queria, achava certo ou gostava, abrindo a mente e o coração pra tudo e todos, nao escondendo, jamais, o que conhecia de melhor. Oferecendo, sempre oferecendo. Doando e rindo. Fazendo música forte e alta pra todo mundo ouvir. É do tipo que divide as moedas do almoço com qualquer um que precise. Gente muito difícil de encontrar, esse quase menino, quase homem, quase rapaz, músico brilhante, pessoa linda.

Não duvido nada que enquanto ele crescia, crescia também o mundo. E enquanto ele aprendia, muitos outros conquistavam a sorte de ter quem, com alegria, os ensinasse. Ele nao nega uma música boa ou o melhor filme, pra ninguém. Ele diz e doa. Aprende e ensina. Enxerga e aponta. Nao nega um abraço, um conforto ou carinho. Acolhe e cuida.

E ele tem tantas faces boas que eu nem sei mais qual admirar. Já vi tantas e enxerguei tantas que fico perdida, me achando menos, me achando pequena, diante dele. Mas é bem assim: com ele eu fico melhor, com ele tudo fica bem, com ele eu construo e escrevo contos de fadas piegas e mil e um textos sobre amor. Com ele, eu sou mais completa.

É que ele traz pro mundo esse algo que falta.
Pra tudo melhorar.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Texto pra mulher, moça e menina

Existe uma certa fragilidade nas mulheres, que poucas pessoas entendem. Falam alguns de estranheza e sim, os que mais estranham são os que estão próximos o suficiente pra notar que de um dia pro outro, tudo vira e revira de cabeça pra baixo. De repente. Sem mais, nem menos.

Aí começa: vontade de mudar de cabelo, mudar os móveis da casa, arrumar o guarda roupa, fazer faxina, cozinhar, mergulhar no trabalho, prometer que vai mudar de vida, viajar, fugir... fugir e fugir de qualquer coisa que a lembre q ela, sabe-se lá pq, nao está tao bem assim.

Nao quero falar de tpm, deixo isso pra outra seara. Nao é coincidencia que grandes "surtos de estranheza" surgem em períodos que os hormonios borbulham e explodem dentro do fragil corpo da mulher (alguns nem tao frágeis assim). Mas nao vamos convocar a medicina. Deixemos que esse texto caminhe, lado a lado, com o dia a dia. Com o hoje, por exemplo.

Se vc mulher, quiser entender e buscar motivos pra aquele negocio que aperta o peito que sente, digo logo que vai enveredar por vários caminhos e, encontrar vários motivos pra estar triste. Motivos que, outros dias, até passariam despercebidos, de tao pequenos, mínimos, que são. Motivos que você vai encontrar apenas pq parou pra procurar. Motivos que você vai precisar ter por perto, pra se explicar ou pra explicar os outros o porquê de todo aquele dramalhao. Ou você vai chorar, sofrer, se descabelar e se acabar, por nada?
(É pra responder essa frase que você procura os motivos.)

O que posso dizer? Tudo poderia ser tao simples. Você nao carregaria por dentro essa insatisfaçao com tudo e com todos. E nem uma linha diferente na camisa de alguém, causaria estranheza. Você nao iria pensar em matar alguém ou quebrar alguma coisa. E continuaria sorrindo das mesmas piadas de antes, em vez de achá-las ultrapassadas.

Mas aí vem: aquela sensaçao de desconforto, de sentir-se a pior pessoa do mundo, de achar que tudo que você fala é besteira e de pensar, de repente, que nao é suficiente pras pessoas que você ama. De sentir-se pequenininha e cada vez menor. De imaginar que o mundo todo seria mais feliz se você, apenas sumisse. Ou ter ciúme da sombra da mulher que nem ao menos existe.

Caso nunca tenha sentido nada disso, parabéns. Poucas mulheres têm essa facilidade de viver a vida, sem esse peso, que hormonios bagunceiros, terminam fazendo-a carregar por todo o corpo.
Nunca vão saber o que é se sentir infeliz, quando, na verdade, nao poderia está mais feliz na vida. Nao terao que dá muitas explicações pra mãe, pai e namorado. Viverao comuns e em harmonia com tudo e todos, sem o desafio de tentar viver comum e em harmonia com tudo e todos, mesmo quando seu organismo pede que você se atire da ponte mais próxima.

Mas, caso nao... um conselho que dou, é o que eu aprendi, quando, de repente me peguei por aí, nesses surtos de mulher: é apenas uma batalhinha que surge de vez em quando. Parar e lembrar que o inimigo são apenas três: tu, tua cabeça e teus hormonios. Teus pais, amigos e namorado te amam e estão por perto porque querem estar ali. Você nao é um monstro, seus dentes nao sao tronchos e tua opiniao importa sim. E para de procurar infelicidade. Por mais que pareça óbvio e claro que você é infeliz (pq chora e chora e chora e sofre), lembre-se que nada disso é real e tua infelicidade vive num mundo fantasioso que você convoca algumas vezes, sem querer. É descer da nuvem de infelicidade e entrar no mundo do sorriso. O de sempre, o comum, o real.
Vem funcionando comigo. Boa sorte a todas. Até um proximo texto.

(em homenagem a minha amiga Vans)

Obs: nem de longe esse blog vai exibir, novamente, textos de auto-ajuda. Venham procurando contos. É o que minha mão gosta de escrever.

sábado, 8 de março de 2008

Sem surpresas

Ela escreveu:

Moço, eu nao guardo no bolso mais nenhuma surpresa pra te trazer.
Nada novo sobre mim, nada antigo que deixei de te contar, nenhum pontinho escondido sobre o que desejo, o que penso e o que sinto.

Fui me sentado no sofá e te contando mil e uma coisas sobre mim. Transpareci, mesmo sem fala, o quanto já sorri, o quanto já chorei e alguns poucos caminhos que percorri, pois a pouca idade que tenho nao me permitiu ainda trilhar muitos caminhos na vida.

Tenho certeza que te falei o quanto sou feliz hoje em dia e o quanto um sorriso teu é especial pra mim. Isso é o que mais guardo no coração, atualmente. Meu coração que tu conhece, como quem conhece o próprio coração. Minha vida que tu participa, como se me desse a mão a cada instante e ainda um abraço no instante seguinte. Meus dias mais felizes.

Nao guardo supresa, nao tenho supresa, nem sou mais surpresa. Me transformei, nesse tempo, além de todas as coisas que eu já sou, em uma pessoa que ama e isso é, atualmente e sempre, a maior novidade sobre mim. E isso tu já sabe e todo" o meu prédio já sabe" e todo mundo que me conhece ou vê. Também nao é mais surpresa.

Lembro o que senti, e já te disse, quando com uma frase começamos a conversar e deixar de nos sentir sozinhos. Compartilhei, desde aí, o que eu conhecia de bom, te oferecendo uns (dos poucos) detalhes pequenos que tu ainda nao conhecia. E comecei a aprender daí. Aprendi muito, aprendi bastante. Aprendi sobre música, cinema e o mundo. Aprendi sobre amar. Também aprendi sobre erros que apenas quem se permite viver e amar muito, terminam aprendendo. Enfrentei o desconhecido e caí em erros que nao sabia que cairia e tu me deu a mão e confiou que eu acertaria, um dia. E eu fui tentando acertar e continuo tentando, pq tu acredita em mim e pq, a cada instante, eu quero ser uma pessoa melhor pra mim, pra tu e pros outros.

Te fiz um conto, como te vi, lembra? De todas e tantas coisas que te disse, acho que nunca mais conseguirei falar mais bonito e mais especial que aquele dia. Mas eu escrevi o que nao vivia, nem conhecia. Hoje, acho que escrevo de maneira diferente pra tu. Te escrevo comprando jujubas e gibis, assistindo filmes que tu me indica, te dizendo "meu amoooor" todo dia, brincando ctg como menina, te amando como mulher, trazendo coroas do burger king, lembrando de tu a cada instante, sendo feliz e querendo te fazer feliz o tempo todo. Sendo teu apoio do baque e apoio de qualquer tempo e qualquer hora. Te escrevo, hoje, dizendo que eu to aqui, o tempo todo e tu esta cmg, o tempo todo. Talvez até consiga, escrever outro pseudo-conto bonito, pra tu, um dia. Mas, perdi um pouco do jeito de escrever, pq comecei a aprender melhor o jeito de viver tudo isso. Tu também escreve o tempo todo pra mim, amor. Desde o primeiro sorriso, até todo o boa noite, quando tu chega em casa e aí eu consigo dormir, sabendo que tas bem e que mais ninguem e nada no mundo pode te oferecer perigo. Tu me escreve, dizendo que "conciliar é legal" e isso me dá mais forças de ir em frente. Antes, eu tinha a inocência de quem ainda nao conhecia e apenas suponha estar diante de alguém que sabe viver e compartilhar a vida, como ninguém. Hoje eu sei. É mesmo o menino que nao se importa de subir morros e explodir em som e se jogar do topo do canto mais alto da cidade. E voar. Alguém que, com um sorriso, faz o mundo todo se derreter e tudo de tudo no mundo, ficar mais bonito e melhor. Alguém que nao tem medo do novo e que, com uma parede e raquete, constrói um melhor jogador. Alguém que hoje eu conheço melhor e admiro como nunca. Um menino que cresceu pra se transformar num homem completo, que todos os pais do mundo, família, amigos e namorada tem orgulho e felicidade em ter por perto. Meu menino ruivo-galeguinho e com mil e uma mechinhas loira, na barba charmosa. O meu amor que nunca deixou de me dá bom dia. E todo o dia, desde aí, mesmo os mais difíceis, passaram a ser os melhores da minha vida.

Tive vontade de enfrentar tudo, ctg. Meus medos, meus anseios, meu defeitos pequenos e erros graves. Todo o mundo que vem pela frente, seja o mundo mais difícil que for. Moço, contigo eu acredito que até posso fazer milagres. Acredito em mágica, fada e duende. Fauno, labirinto, criança que vira princesa em um outro mundo melhor. Uma Paulinha que vira uma menina melhor e se transforma em uma mulher melhor, ctg do lado. Que trilhou coisas difíceis na vida e hoje entende que tudo que viveu foi pra chegar aqui e te dizer essas coisas e construir mil coisas ainda, ctg.

Pra chegar aqui e te dizer que hoje, de alguns dias que parecem muito e algumas noites que parecem mais, eu sou feliz. Muito feliz mesmo. Chorona, sim. Bastante. Sensível, mas nunca fraca. Sou forte, amor, forte pra continuar vivendo tudo que mundo quiser reservar pra gente. Todos os poucos dias difíceis que teremos e toda a cicatriz que a vida quiser deixar. Isso nao muda nada, nao altera nada do que a gente tem aqui dentro. Nao muda, nem de longe, o fato de duas pessoas que tinham uma casinha, onde, lá de longe, podia se enxergar o mar. E esperavam, cada um, o amor chegar e ele veio pra que eles vivessem mil coisas especiais. Nada muda isso, amor.

Nao tenho mais surpresa no bolso, amor. Nao escondo meu sorriso mais troncho, minha careta mais feia e nem a maior cicatriz que tenho na alma. Tu conhece quem sou, quem fui e quem eu sonho em ser ou serei um dia. Espero conseguir ser uma pessoa melhor, o tempo todo. E nunca te magoar, nem precisar te pedir muitas desculpas. Prefiro é te dizer obrigado, todo dia, por me fazer feliz e ser feliz comigo. Ou dizer que te amo o tempo todo e, quando nao disser, deixar subentendido em cada sorriso de alegria e em cada abraço que te dá.

Nao peço pelos dias antigos, nao quero os dias que foram. Nao a parte de mim sem tu. Nao quero os dias em que nao fazia uma lista infinita e nao conversava 32932983232329 caracteres e palavras, todo dia. Nao os que me sentia só e vivia, preenchendo de qualquer coisa a falta de amor e amar. Quero mais é continuar essa história de ser par. Nem me lembro dos dias de antes, em que eu nao tomei vodka com laranja na Sé, com um moço lindo e que dancei com ele, ali mesmo, sem qualquer noçao de lugar e mundo, a primeira dança que valeu a pena na minha vida.
Sorriso no rosto, pq guardo dentro de mim, toda a alegria desses dias, em que vivi e compartilhei tanta coisa ctg. E, sorriso no rosto por saber que tem hoje e ainda tem amanha.


Nao trago mesmo surpresas no bolso, moço que amo. Tu sabe de mim como ninguém e já imagina qual vai ser meu próximo passo e é sempre o responsável pelo meu maior sorriso do dia. O que trago cmg, hoje, é a vontade de que o mundo nao acabe pra poder viver mais e mais e muita coisa feliz ctg, moço. E conversar, amar, sentir, brincar, sorrir e viver, como nunca fiz antes de ser teu par.
E continuar me conhecendo mais, através de tu. Pq, com teus olhos, eu me vejo mais bonita e mais importante do que penso que sou. Aprendo mais sobre a melhor parte que tenho. Viro, eu mesma, uma surpresa, até pra mim.

Te amo.

Desculpa o mau jeito desse texto. Perdi a mão de escrever. Deixei apenas, tudo sair e construir algo que te desejasse feliz todo dia, amor.

=***************8

sexta-feira, 7 de março de 2008

(...)

Aquele jeito de quem a olha como se fosse ela a pessoa mais importante do mundo.

(...)





obs: e poucas visitas nessa página, deixando mais essa frase solitária.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Um banal

Deveria sim, assim que cada porta se fechasse, vislumbrar qualquer luz que fosse dentro da sala escura.
Deveria tatear o negro em busca de móveis conhecidos e formas conhecidas e deixar-se ir, tocando sem medo o vazio. E assim, indo, descobriria mais e mais...

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Nao posso dizer que ela sabia exatamente o que estava fazendo. Nem que sempre desejou construir ou fazer parte daquela situação. Nunca nem imaginou que poderia se envolver em algo daquele jeito e, de repente, falar em vez de ouvir.

O discurso que preparara era extremamente pobre. Tivera apenas uma noite, aliás, uma péssima madrugada em que, tentou fazer mais do que poucas linhas (em vao).
Era apenas um dizer de três parágrafos. Cada parágrafo menor que o outro, cada palavra simples jogadas em desespero no vazio de um papel que precisava ser cheio.
Uma idéia que nao revolucionaria, nem empolgaria, nem mudaria nada na mente de quem quer q fosse. Nada que fizesse qualquer platéia do mundo aplaudir de pé ou comentar que havia sido um belo discurso. Talvez nao fosse ruim, mas sabia que era banal. Disso tinha certeza.

Esperou que poucas pessoas estivessem esperando pelo que ela falaria. Pensou em seus pais, algumas pessoas de sua família, uns bons amigos, os conhecidos e os estranhos que a ouviriam. Que pensariam eles, o que gostariam de ouvir?
Qual seria a melhor forma, o melhor texto pra se dizer pra todos? Que palavras poderiam ser tao boas que fizesse uma platéia inteira aplaudir e levar consigo, no final do discurso?
Que idéia poderia trazer que acalentasse cada coração dali?

Talvez jamais conseguisse encontrar respostas pra todas as perguntas que formulou, enquanto nao entrava no palco.
Talvez seu pequeno dizer de três parágrafos sairia menos banal do que imaginava e alguns, levariam consigo, enquanto outros nem ao menos prestariam atenção.

Observaria que alguns conversariam e outro deixariam bocejos soltos pela platéia e possivelmente, alguém até desejaria que se retirasse logo.

Mas ela falou. Disse o que disse e foi embora. Saiu do palco e nem ao menos notou se havia sido aplaudida ou nao. Havia mais o que pensar, outros desafios pra enfrentar e mil e uma perguntas que ainda surgiriam.


"Sem medo do que vem pela frente
pretendo continuar a seguir meu caminho
E terei cuidado em observar os detalhes de cada pedra e cada árvore que passar por mim."

Assim começava o que disse, naquele dia.
Sabia hoje que nunca se preocupou com a platéia.
Escrevera para si.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A casinha

Minha casa era de madeira simples. Tinha uma única janela pequena que, lá de longe, podia-se enxergar o mar.
E tinha uma moça que esperava o amor chegar.
E ele veio.

Sobre a morte de Álvares de Azevedo

Era noite e febre. Todo o corpo ardia e os delírios pareciam tão reais que ele estendia a mão para tocá-los. O lápis, o caderno, o futuro livro, do lado, na cabeceira. Um esforço sobrehumano pra alcançá-los e a mão que cai em seguida, ansiando escrever. O suor, a roupa molhada aderindo ao corpo. Os olhos brilhando pra cada uma das moças e cenas de sua alucinação. A boca seca de quem quase nao mais vive. Mas aquela vontade...vontade viva, latente, forte. Vontade de traçar linhas, de dar vida a qualquer coisa que nao existisse. Ou que só existisse em um outro mundo que só ele via. Escrever sobre tantos e todos. Todos os fantasmas que lhe rodeavam e todas as moças lindas que lhe sorriam e evaporavam em seguida.

Era quase profano, quase absurdo que ardesse em febre com apenas 20 anos. Era revoltante, injusto: a mão que caia do lado do corpo em busca de linhas que jamais escreveria. E tantos e lindos e fortes textos que nao pôde dá vida, que nao conseguiu fazer nascer. A mão clamava pelo papel e o esforço que fazia consumia quase toda a chama que ainda ardia no corpo fraco. Um frágil poeta, cabelos pretos, opacos, olhos brilhando pro nada, mão estendida pro papel, corpo desejando o lápis. E era o último esforço, último suspiro, última vontade e desejo daquele corpo quase morto. É quando a mão cai e um ultimo poema que jamais viveu, ia embora com o poeta, que nao escreveu porque morreu.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Faixa de pedestre

"Desagradável é atravessar a rua, caminhando muito seguramente pela faixa de pedestres e, de repente, 'nao mais que de repente', ser subitamente atropelada por uma motoca..."

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(Eu moro em Olinda, a cidade do carnaval. A época é justamente essa, janeiro. O carnaval, normalmente acontece lá pra fevereiro, por aí.... mas, visto que, toda noite caboclos de lança já passeiam pelas ruas da cidade, chacoalhando sinos, com propósitos que sabe-se-lá-o-que, esse ano começou mais cedo. Já começou.

Peço desculpas pelo meu estilo de escrever, se estranharem. Hoje, meia noite e cinquenta, nao consegui falar sobre outro assunto ou ser mais ou menos superficial do que estou sendo. Vou indo despretensiosamente, certo? Mais do que sempre, aliás.

Já era noite, indo dormir, camisola no corpo, cheia de sonhos bons na cabeça (aqueles que pretendo sonhar e nunca termino sonhando), vontade de amanhã, corpo de hoje... Ouvi o barulho do carnaval chegando e fui na varanda ver de onde ele vinha. A dúvida era se ele passaria por aqui ou se manteria-se distante, se resumindo a ruído e som, por aí.
Agora escrevo. Escrevo porque não apareceu nada na varanda.
Ainda.
Também escrevo porque o sono não chegou, verdade seja dita. Sem sono, minha imaginação pede licença pra se fazer presente e ganhar espaço. Agora, nesse momento, sentarei no sofá ou voltarei a olhar a noite vazia pela varanda. E deixarei que ela ocupe meu lugar e escreva pra vocês. Despretensiosamente, também:)

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"Desagradável é atravessar a rua, caminhando muito seguramente pela faixa de pedestres e, de repente, 'nao mais que de repente', ser subitamente atropelada por uma motoca..."

Sacolas no chão, joelho esfolado. Dois homens me ajudando a levantar do chão. Não deixei de notar, embora a intenção fosse justamente contrária, que um deles piscou pra um terceiro que logo saiu correndo, levando a sacola maior.
O senhorzinho da motoca me dizia coisas que ouvia, de longe. Não me aproximei o suficente dele porque nao queria correr o risco de ataca-lo e arranha-lo e quebrar toda aquela moto maldita dele. Algumas frases como "mas a senhora devia prestar mais atençao" e "esse povo rico que nao sabe andar pela cidade" ou um ou outro "dondoca", chegaram aos meus ouvidos. Confesso que quase pulei no pescoço do motoristazinho. Me segurei. Milhoes de argumentos borbulhavam na minha cabeça. Meu cérebro fervia (mais de raiva do que de argumentos, confesso). Fervia mesmo.

Não explodi. E nao me orgulho nem um pouco disso, é bom deixar claro. Não é nem pela humilhaçao, ou raiva, ou perda de um ou outro material que nem lembro mais do que se trata. Nem pelo joelho esfolado, cotovelo e mão. Não é por nao ter quebrado em pedacinhos a moto do motoqueirozinho. Nem por nada assim.
Sabe pelo que é? É pela injustiça e desrespeito, sabe? O que eu mais sinto, o que mais dói e angustia no meio de tudo isso que passou é essa sensaçao que tenho de desumanidade mesmo. A palavra é forte e o fato é pequeno. Nao sofri danos físicos graves, nao aconteceu nenhuma calamidade, me levantei e aqui estou, contando a historia. É, exagero, talvez. Mas bem, seja o que for, faça o juízo que quiser disso tudo, vou contar o que me incomodou, que é o que, afinal, me fez escrever até agora:

tem danos que nao sao corpóreos. Voce nao pode, simplesmente, estender a mao e alcançá-los. É justamente o meu caso, me sinto assim: Po, pra que existem as leis, se ninguém se preocupa com o outro? Pra que desenhar faixas e codificar alguma legislaçao sobre transito se as pessoas nao olham em frente pra ver se tem outras que podem se machucar se forem adiante? Sempre precisamos de sinais vermelhos e faixas de transito e freios e cintos de segurança. Tudo porque tentamos nos controlar, tentamos conviver, tentamos estabelecer um tempo em que se para uns minutos/segundos, pra deixar o outro passar. Não é assim?
Entao, porque ultrapassar um sinal vermelho, no meio de uma cidade movimentada, onde sabe-se que transita gente, pessoas, humanos, a todo o tempo e hora? Pq nao respirar um segundo e ver que tem gente passando pela faixa branca da frente?
Meu medo é que terminemos atropelados uns pelos outros.

Pois é, a batida foi pequena, meu joelho tá salvo, meu corpo super bem e nao conseguiram roubar minha carteira (embora tenho certeza que tentaram).
A moto, nao vinha em alta velocidade (imagino que, por causa do transito e nao pela boa vontade do condutor) e viva estou. Corpo são e salvo. Mas, minha mente, até hoje, nao para de pensar em tudo isso.
Não se pode tocar a angustia, embora ela se solidifique a todo o tempo, dentro de pessoas, que, como eu, passam por situaçoes parecidas e começam a pensar em tudo isso. Existem até aquelas que nao tiveram tempo de pensar e solidificar nada mais, porque em acidentes como esses, perderam de continuar vivendo e indo em frente...
Me arrependo de nao ter explodido por isso. O motoqueiro deveria ter escutado um discurso bem longo. E nao era um discurso sobre regras de transitos e sobre condutores e pedrestes. Seria um discurso sobre humano e humano. Um que olha pra o outro e concede licença pra que ele passe e possa seguir em frente. Um que enxerga o outro e observa que ele precisa passar. Sem joelhos esfolados, ombros ou maos. Com vida, por favor. E respeito, sempre.

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Esse texto nao foi sobre carnaval. Quem sabe um próximo?

sábado, 26 de janeiro de 2008

Não existe certo e errado, nem tanto ou quanto.
Desculpa por chorar. Há algo em mim que nao entendo. E é isso que me deixa triste.
Nao é que você erre cmg, nem que eu erre com você. É que a vida empurra erros pra cada um que existe. Dizem que é mais humano assim.

A culpa é da vida.

Mas culpa de que?
Tem nó na garganta que surge, engasgo que incomoda, dor no peito que faz sofrer.
E não tem nada a ver com a gente, comigo, ctg, com o que a gente vive.
É que a vida empurra dor, vez ou outra pra cada um que existe. Dizem que é mais humano assim.

Perdão pelos engasgos e dores no peito que sinto ou que te faço sentir. Uma vez que a vida empurra pra mim e eu aceito tê-los por perto.
Perdão.
A culpa é minha também.

Existe algo maior e eu sei porque eu sinto. Existe algo que desata os nós, desengasga gargantas e faz qualquer um no mundo respirar em paz. E é isso que tem a ver com a gente. Os abraços que vem depois e antes e até durante. Nunca estaremos em pólos diferentes, eu sei. Não tem norte e sul, entre a gente, nem tempo, nem onde, nem quando ou quanto. É andar junto. Sempre
O que tem é isso que a gente sente. E o-que-a-gente-sente devia ser palavra maior que "amor".

Mas não precisa ser palavra, certo?
Alguém me disse que guardar a melhor parte de tudo pra dividir com outra pessoa é amor. Eu concordei, na mesma hora. Aprendi isso ctg. Mas se é amor ou outra palavra maior, nao tenho idéia. Só sei o que sinto.

E a única certeza que eu tenho, no meio de tudo no mundo, é que vou continuar guardando, sempre e sempre, o bem-casado pra te entregar depois da aula, ou um outro doce teu, preferido.
E a melhor parte de mim.
Sempre e sempre.

Te amo.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Próximo texto - o começo

Havia deliciosas certezas sobre o novo.
O novo viria a seguir.