quarta-feira, 29 de outubro de 2008

De alguem que conheci I:

Ele a olhou com olhos de fogo.
Ela ali, pequena, encolhida, alheia a tudo ao redor.
Levara um fora recentemente, nao havia sido sua a decisao de sair.
Ela que ia, nesses tempos, de casa pro trabalho, do tabalho pra casa. Chorava, comia, dormia, tentava se concentrar em algo produtivo, mas chorava, comia e dormia mais uma vez.
E assim iam seus dias.
Uma boa amiga a levantara da cama. Entre bocejos e tropeços, trocou de roupa pra sair. O cabelo nao era o de antes, a roupa mal passada, maquiagem leve, sapato baixo pra nao aparecer.
Chegou e sentara, pedira um suco, depois um coquetel e mais uns dois pratos durante a noite. Quando estava se preparando pra procurar o terceiro no cardapio, ele passou por ela.
Ela ali, despreparada, sem querer nada da noite, sem querer nada de nada.
Pequena, encolhida, fechada em si.
E lá vem ele, caminhando até sua mesa, roubando a privacidade de sua noite, invadindo a intimidade de sua tristeza.
Olhos de fogo é certo. Desejo e mil vontade de conhecer seus segredos, sabia.
Tinha experiencia no assunto, 34 anos.
Pensou na resposta que daria ao seu "oi".

Dois "irs" pra contar historia

Prendeu os cabelos e sorriu pras amigas. Fazia tempo que nao se reuniam.
Ouviu a novela de cada uma, cada qual na sua vez e preparou-se pra contar a sua.
Tantas que amavam, mas derramavam-se em "mas" que as faziam, por vezes, tristes.
Falta de tempo, conflitos constantes, viagens eternas, brigas inuteis, ciumes e bobagens.
Choros, lágrimas, perdao, abraço e beijo.
Enredo de cada, escrevendo o ir.
Pensou nesse amor que as faziam ali, elas, mesmo com "porques" e "poréns" a contar historias.
Dos que nao se deixam quebrar facilmente.
Dos que vão, pq nascem pra ir.

sábado, 18 de outubro de 2008

Havia a luz do quarto, a lâmpada acesa sobre a cabeceira, a cama extensa meio desforrada e ao sorrir dois amantes cantavam qualquer coisa que entendiam como amor.

sábado, 11 de outubro de 2008

ismos e irs

E essa pessoa que eu conheço tão bem....
Me carrega pela mão com força, me levando pra mil lugares onde o sorriso é certo e o dia mais bonito.

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De mil coisas no mundo, jamais acreditou em amor. E até lia os poetas e chorava com eles e por eles. Mas nada fazia com que chamasse esse tipo de coisa pra sua vida. E até moveu algumas paixões pelo mundo. Se envolveu em platonismo, e em outros ismos que ismos apenas eram e sempre seriam. Nunca colheu, em caminhos, coisas infinitas, constantes. Coisas pra sonhar com o pra sempre e construir um castelo bonito no futuro.

Eu falo por mim, nunca vi essa menina assim.
Tem alguma coisa de mais nela. Tem algo que nasceu e ficou tão grande que hoje é a menina, a menina que nao é mais ela. Ou até, desconfio bem, é mais ela do que nunca. Ensaiou o personagem durante mil anos. E agora despiu-se de qualquer fala ensaiada e deixa-se livre pra atuar como ela mesma. Sua fala, sua voz, seu corpo. Observe bem: nao tem algo a mais?
Tem, isso é certo. E o mais certo ainda é que o que tem é ele.

Ele apareceu com uma fala escrita e lhe deu texto e contexto pra sonhar. E depois reaparaceu com um sorriso tímido, uma voz, uma dança, um convite pra ser feliz. E ele, também ele, despiu-se de poréns e assim foi viver a vida. Vazios que ficaram pra trás, hoje são mais eles do que nunca, com o acrescentar de serem ele, ela. E ela, ele.
Duvido que viviam antes assim. Que compartilhassem tanto do mundo, deles mesmos, com outros. Pensavam eles, que um dia, seriam ouvidos com tanta atençao? Olha o rosto dela, ouvindo-o, olha o jeito dele falar! Nunca escutaram ou falaram tanto, como hoje. Escreviam e desabafavam ansiando serem "ouvidos". E hoje mil conversas engolem textos que antes escreviam.
E tinham eles essa certeza de que amor existe? Que também era pra eles, que era tão assim? Acho que ele e ela nunca imaginaram que teriam essa mão tao forte e firme pra caminhar pela vida. E nem achavam graça em coisas que hoje arrancam mil sorrisos de seus rostos. E ele nunca teve surpresas e ela nunca fez surpresas pra ninguém. Fora o apoio, o ouvir e tantos irs que desconheciam, presos, apenas, em ismos.


Acredito em mil dias pro mundo. E nesses mil dias mais, sei que eles viverão sorrindo. E que ela vai continuar caminhando a procura de cestas e caixas que guardam qualquer graça pra fazê-lo feliz. E ele vai desenhar corações com intenções de alegria. Vai lembrar dela em cada passo que dá. E voltar correndo pra contar seu dia. Pra dividir.
E aí o abraço, o beijo, o afago e conversas carinhosas. Esse apoio que só eles têm. Um pro outro. Assim. Como sempre, desde o começo. E em mil dias que virão desse mundo.

E isso é o mais certo de todos os certos em que acredito.
Essa coisa de ser dois, dupla, eles.
E eu falo por mim: nunca vi esses meninos assim, tao bonitos.

Mas é coisa de amor. Que muda eles, muda a vida, constrói, enfeita, alegra, embeleza, deixa leve, muda o mundo, faz sorrir, sonhar, dividir, compartilhar, ser par, muda tudo.

....

E essa pessoa que eu conheço tão bem....
Me carrega pela mão com força, me levando pra mil lugares onde o sorriso é certo e o dia muito mais bonito.