quinta-feira, 8 de abril de 2010

Acordar

Eh como se houvesse uma pausa no mundo em que nao se tocasse qualquer nota de música.
Um pausa onde todos os sorrisos fossem maquiados e que pessoas apenas caminhassem munidas de remédios pra dor.
Órfãs de sentimento, se abraçariam em silêncio, embora nao conseguissem no abraço sentir conforto, querer apego.
Um dia em que os palhaços deixassem de carregar sua graça ou mágicos nao escondessem em cartas, encantos pra qualquer momento.
Como se nao se sorrisse mais com as pequenas coisas e reservassem às que nao existem a grande responsabilidade de trazer pra perto o que nos faz feliz.
Como se proibissem à beleza enfeitar as ruas, à pureza enganchar na lua, à vontade acender o sol, à delicadeza aparecer em palavras que acalentam a alma, que suaviza momentos...
Eh como se virasse pelo avesso tudo que conheço, tudo que já chamei de mundo. O pouco que os olhos registram e a mente liquidifica, fazendo cair pro coração e pulsar em sangue.
Era como se meu próprio sangue fosse, de repente, de qualquer cor que nao fosse quente...
E diante de tudo, caísse meu corpo em sono profundo, de pesar por tudo que via e vivia, sem acordar, sem vontade de acordar...
Mas enxerguei dois arco-íris e depositei fina esperança.
E apesar do medo forte de que pelos ventos incontroláveis, fosse a linha fina partida em pedaços que nao mais se atessem, acreditei, com o mais forte que possuía, que ali permaneceria.
E assim acordei de pesadelos, fortes, loucos, destruidores do melhor de mim, do colorido com que enxergo os dias, das riquezas que sempre acreditei existirem em pedaços de nada que tanto podem ser tudo.
E tanto são.