terça-feira, 31 de julho de 2018

Pausa pra noite

Pois a noite caiu
Poética.
Estamos falando de um universo de palavras que calo mas também de algumas que derramo aqui.
Sem querer nada.
Sem ser nada.

P.

Por quem

-Veja só, a noite já caiu.
-Pois bem, não quero ir pra casa.
- Entenda, não tem a ver com querer.
- Olha, querer tem a ver com tudo.
- Claro, mas não com agora.
- Meu bem, agora é exatamente o momento.
- De que?
- De quem.
- De quem?
- Pense bem.
- Tenha calma com tudo que for confuso.
- Tenha alma pra se perder na confusão.

P.

Um quase eu teu amo


Convenientemente esperei que o vinho fizesse efeito.
As próximas palavras cairiam, sem dúvida, melhor em ouvidos leves.
Os braços ainda continuavam cruzados, teu sinal de desconvite.
E eu enxerguei em teus olhos a necessidade de um pouquinho mais de tempo para que o vinho abrasasse o momento.
Deixei que, de braços cruzados, tuas palavras, sem ânsia, sem necessidade, fossem mais necessárias que as minhas, cheias de tudo que às tuas faltava.
Como meu próprio desejo de mais...

P.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Vagalumes

Estou a deriva, flutuando pela água verde que não é mar, olhando pro céu, enquanto tudo ao redor adormece.
A noite fria queima cada espaço do meu corpo, meio coberto, meio nu, enquanto nada e a deliciosa sensação de nada me preenche.
Estrelas congeladas me olham de tão longe que nem sequer acredito que me veem.
E tudo mais é um zumbido e a escuridão.
Maculada por um ou outro vagalume insistente.
Um ou outro vagalume persistente.

P.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Brasil 1 x 2 Bélgica


Te amo, Brasil, mesmo que não tenha dado.
Mesmo que o hexa esteja preso, arranhando a garganta, dolorido e enclausurado a quatro copas.
Mesmo que hoje caíam as lágrimas, soltas e livres, por esse rosto nosso, que de tão nosso, óbvio que chora pela seleção.
Mesmo que teus craques tenham brilhado hoje, mas que esse brilho não tenha sido suficiente...
Não por um jogo de futebol bem jogado, que me orgulha dizer que existiu, mas por um placar real que nos manda de volta, tristes porém orgulhosos.

A Rússia nos desenhou uma história que trazemos de volta pra casa.
Um sentimento de bandeira verde e amarela no peito, mesmo nesse momento inópsito, louco e devastador que vivemos em nossa própria história.
Te amo, seleção, por ter me dado nova vontade de vestir camisa amarela.
Camisa que reneguei por ter sido usada tão maldosamente pra nos separar em vez de unir.
Mas que hoje, abraço de novo, com uma expectativa de esperança, que sempre tivemos no futebol e que precisamos resgatar como país.
Te amo pelo quase 2 a 2 que aconteceu hoje, por querer empatar até o último minuto, por ter me despertado fé pra virar o jogo.
Por ter nos unidos, independente do que nos separa, por esses pouco mais de 90 minutos, que não saímos como ganhadores, 
embora, Bélgica nenhuma duvide, tivemos vontade de vencedores.
Te amo e amarei mais ainda se não guardar em teus filhos essa vontade de vencer para daqui a 4 anos...
Um embate maior se desenha, o destino de toda uma nação, lágrimas muito mais doloridas se perdermos....
2018 é o nosso ano, não importa que não tenhamos vencido a Copa, precisamos virar um jogo maior.
Mais brasileiro do que nunca.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Sobre cicatrizar e brotar

Não tenho dor, embora saiba que tenho cicatrizes
Estão aqui, expostas, as visíveis.
Contando uma ou outra história que passei mexida, mas ilesa.

Elas me constroem, me deixam mais rica.
Me fazem querem contar um pouco mais sobre mim.
O que sou, o que vivo, o que pretendo, onde posso e quero ir.
Me fazem querer brotar de várias formas, esperando que eu brote verdadeiramente pra forma que eu realmente quero ter.
O começo do paralelismo, de todas as linhas.
Curvas e retas que me esperam na estrada, 
curvas e retas da estrada que já passei,
curvas e retas das estradas de outros que cruzei, que cruzo, que vivo.
Esse deleite de caminho que  vez ou outra me premia com uma ou duas cicatrizes...
bem menores do que as todas as histórias que posso contar sobre elas.


Drama nordestino, tragédia inventada

Escutei bem calada as tuas palavras relutantes.
Baixas, indecisas, profundas e cruéis.
Diziam muito sem dizer tanto.
Maculando meu íntimo de tudo aquilo que eu sentia.
Espalhando dor e um zumbido alto no ouvido.
Vontade doída de ignorar o mundo, ignorar você, ignorar a mim...
Fechei meus olhos e a lágrima - teimosa!- escapou sem orgulho algum
E eu?
Amaldiçoei tudo aquilo que não controlava em mim
O dia do primeiro beijo
A saudade do último
Todas aquelas voltas do mundo que te colocavam na minha frente, nunca sendo meu...

...e minha vontade de te possuir.