Ele a olhou com olhos de fogo.
Ela ali, pequena, encolhida, alheia a tudo ao redor.
Levara um fora recentemente, nao havia sido sua a decisao de sair.
Ela que ia, nesses tempos, de casa pro trabalho, do tabalho pra casa. Chorava, comia, dormia, tentava se concentrar em algo produtivo, mas chorava, comia e dormia mais uma vez.
E assim iam seus dias.
Uma boa amiga a levantara da cama. Entre bocejos e tropeços, trocou de roupa pra sair. O cabelo nao era o de antes, a roupa mal passada, maquiagem leve, sapato baixo pra nao aparecer.
Chegou e sentara, pedira um suco, depois um coquetel e mais uns dois pratos durante a noite. Quando estava se preparando pra procurar o terceiro no cardapio, ele passou por ela.
Ela ali, despreparada, sem querer nada da noite, sem querer nada de nada.
Pequena, encolhida, fechada em si.
E lá vem ele, caminhando até sua mesa, roubando a privacidade de sua noite, invadindo a intimidade de sua tristeza.
Olhos de fogo é certo. Desejo e mil vontade de conhecer seus segredos, sabia.
Tinha experiencia no assunto, 34 anos.
Pensou na resposta que daria ao seu "oi".
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