quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Reticências.

Passava desinteressadamente os canais de TV, não encontrado nada já que nada procurava.
Hipnotizada, deixava-se invadir por delírios, contabilizando suas possibilidades.
Era uma época em que o incerto ocupara um grande espaço em sua vida.
Os planos de outrora, que não cabiam mais ali, sufocaram qualquer nova vontade de novos planos.
Romances e aventuras foram-se sem deixar sequer saudade.
Ofícios que nada diziam sobre si relegados ao passado.
Pessoas que amava ao desencontro de suas mãos...
Deixara-se resumir ao vazio do encontrar-se sem sequer estar.

Reticências invadiam-lhe o pensamento e imploravam-lhe um primeiro impulso.
Que fosse, inclusive, para voltar ao passado mas que fosse.
Certo era que uma nova receita exigia uma nova medida ou um outro ingrediente.
E que nela, sabia:
Era mais de vendar-se e deixar-se ir....
Pensava, com apreensão, que não existiria precisão quanto a garantia de sorrisos
Mas decidira, enfim, que iria buscá-los.

P.



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