Como pintora era boa, mas não excelente.
Tinha mais vontade e amor pela arte do que habilidade.
Sabia - no entanto - que combinava bem as cores e percebia onde encaixá-las exatamente na tela. Era colorista.
Fazia tempo que deixara uma obra inacabada. Falar "obra" é ser generoso e falar "trabalho" não cabe, é arte, então, digamos que seja um quadro. Um quadro inacabado.
Nas primeiras pinceladas, o quadro já foi além do que esperava. As cores, os desenhos, as ideias que prometia na tela, os espaços preenchidos com expertise, a execução meticulosa, a beleza, a intensidade, a sinceridade, as formas. Tudo maior e melhor, muito além de sua executora.
Era um quadro tão lindo e admirável que não conseguia visualizá-lo no meio de todas as outras obras já finalizadas.
Seu precioso pretenso perfeito abandonado quadro. Inacabado.
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