Minha filha desenhou uma lua minguante.
Uma lua ao contrário, invertida.
Não convencional.
Amanhecemos estudando as suas fases.
Nunca havia parado nesse tópico da astronomia.
Sempre olhei para o alto e admirei sua beleza, sem precisar compreender ou dar nomes.
Minha filha me fez nomear a beleza da lua.
E, me fez pensar, e escrever sobre ela.
Era só um desenho: montanhas, assinatura invertida, lua ao contrário.
Mas se não existisse as mãozinhas dela, criativas e cheias de cor…
se não existisse os olhinhos dela, curiosos e questionadores…
Passaria a vida sem conhecer as fases da lua.
E além.
Passaria a vida sem me conhecer.
Porque uma lua minguante, assim invertida,
me veio uma certa identificação e ternura por ela
Essa coisa de sombreamento e resistência, sabe?
“Uma estreita faixa convexa iluminada”.
A lua minguante está a um pontinho de apagar,
um passo de sumir nos céus
e virar lua nova, invisível.
Ainda assim, está.
Um fase, um ciclo.
Voltará a crescer, assim como minguar.
Voltará.
Sobre a lua nova, descobri não ser visível aos observadores, porque a sua face iluminada está voltada inteiramente para o Sol.
Como se desse as costas à terra e não nos permitisse enxergar sua luz.
Invisível, à noite, aos que não conseguem imaginar.
Mas visível durante o dia, para quem a busca.
E é nessa fase que ocorrem os eclipses.
Esse bloqueio de luz ocasionado por alinhamentos temporais, que chamei de fusão até hoje.
Mas a minha minguante não.
É quase sombra, mas ainda é luz.
Para a terra e para o sol.
E eu não saberia nada sobre lua, nem amanheceria amando a natureza peculiar de seus detalhes, se não fosse esse desenho feito pela minha pequena artista.
E que hoje acrescentou “astrônoma” à sua lista infinita de possíveis profissões…
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