domingo, 12 de outubro de 2025

Lua Minguante


Minha filha desenhou uma lua minguante. 

Uma lua ao contrário, invertida.

Não convencional.

Amanhecemos estudando as suas fases.

Nunca havia parado nesse tópico da astronomia. 

Sempre olhei para o alto e admirei sua beleza, sem precisar compreender ou dar nomes.

Minha filha me fez nomear a beleza da lua.

E, me fez pensar, e escrever sobre ela.

Era só um desenho: montanhas, assinatura invertida, lua ao contrário.

Mas se não existisse as mãozinhas dela, criativas e cheias de cor…

se não existisse os olhinhos dela, curiosos e questionadores…

Passaria a vida sem conhecer as fases da lua.

E além.

Passaria a vida sem me conhecer.

Porque uma lua minguante, assim invertida, 

me veio uma certa identificação e ternura por ela

Essa coisa de sombreamento e resistência, sabe?

“Uma estreita faixa convexa iluminada”.

A lua minguante está a um pontinho de apagar, 

um passo de sumir nos céus 

e virar lua nova, invisível.

Ainda assim, está.

Um fase, um ciclo.

Voltará a crescer, assim como minguar.

Voltará. 

Sobre a lua nova, descobri não ser visível aos observadores, porque a sua face iluminada está voltada inteiramente para o Sol.

Como se desse as costas à terra e não nos permitisse enxergar sua luz.

Invisível, à noite, aos que não conseguem imaginar.

Mas visível durante o dia, para quem a busca.

E é nessa fase que ocorrem os eclipses.

Esse bloqueio de luz ocasionado por alinhamentos temporais, que chamei de fusão até hoje.

Mas a minha minguante não. 

É quase sombra, mas ainda é luz.

Para a terra e para o sol.

E eu não saberia nada sobre lua, nem amanheceria amando a natureza peculiar de seus detalhes, se não fosse esse desenho feito pela minha pequena artista.

E que hoje acrescentou “astrônoma” à sua lista infinita de possíveis profissões…

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