Uma hora e quinze minutos. Marcara no relógio.
Há uma hora, quinze minutos e alguns segundos que pareciam uma eternidade, esperava o maldito ônibus. Já nao tinha mais palavras de maldição pro motorista incompetente. E nem dorflex na bolsa, pra alivar a dor de cabeça latejante que todo aquele tempo de sol cortante na cabeça, havia ocasionado. Desmaiaria, era questão de tempo.
Um vontade louca de sair correndo pra casa. Se nao fosse tao longe, já o teria feito. Quanto tempo de sol na cabeça, é necessário pra que alguém fique louco?
Uma hora e dezesseis minutos sairia correndo.
Prendeu apertado o cabelo castanho, num rabo de cavalo e deixou os olhos verdes se perderem no horizonte.
Vislumbrou-o. Uma cena surreal: lentamente, vindo, revestido de uma fumaça que tornava sua imagem pouco nítida. Uma miragem.
Sorriu.
O ônibus nao estava lotado e surpreendenteente, nao sentiu vntade de xingar o motorita e amarrar a cara pro cobrador. Nao estava lotado, mas totalmente preenchido. Com exceção de um lugar, no fundo. Entre uma senhora obesa, de cara amarrada e um projeto de adolescente com fone de ouvido.
Sentou.
Ultima fileira do ônibus. O que a separava da janela, onde estava sentado um garoto que parecia ser da sua idade, perdido em pensamentos e imune a qualquer presença, era a senhora obesa.
E q senhora! Remexia o tempo todo no banco, resmungava algo ininteligível, suava cada vez mais.
Resolveu perder-se em pensamentos pra esquecer a presente cena que vivenciava.
Lembrou da última conversa com Marcelo:
- Vc já acordou?
- Agora sim, bobo. Vc me acordou.
- Mari, eu tava pensando...
- E isso são horas de pensar! - começou a dizer, beijando-o no peito e subindo pro pecoço.
- Nao, nao Mari - fez ele, afastando-a.
- An?
- Eu tava pensando sobre a gente. Dá pra coversar comigo? Vc parece que só pensa em sexo. Toda vez que eu digo que quero conversar sério sobre a gente, vc me seduz e evita o assunto!
- Eu te seduzo? Vc tá louco? Eu fui a única que transei noite passada? E sempre? - cobriu o corpo. Nao havia mais espaço pra intimidade diante daquela conversa. Apertou forte o lençol contra o corpo. Onde estavam suas roupas?
- Vc entendeu o que eu quis dizer...mas vai fingir que nao entendeu, como sempre! É isso que me cansa!
- Nao seja por isso - levantou.
- O que vc vai fazer?
- Vou embora, quero deixá-lo descansar.
- Nao foi isso que eu quis dizer. 'Pera aí...
- Já deu hoje, Celo. Se eu continuar aqui vai ser pior.
- Vamos conversar, Mari. Nao quero que vc saia assim, aqui de casa. Deixa que eu te levo.
- Não to afim de conversar, entendeu? - gritou, enquanto vestia a blusa. - Depois a gente se fala.
E ainda esperara uma hora e quinze, pelo ônibus. Não era de se estranhar que sua cabeça estivesse um inferno, há pouco tempo atrás. Chorara, enquanto andava pra parada.
Mas, estranhamente, alguma coisa, entre o tempo que esperou pelo ônibus e o tempo em que esse surgiu, mudou dentro dela.
Aquela sensação de leveza e vontade de compartilhar algo com alguém que lhe parecia bom.
Apertou o rabo de cavalo mais forte, alisou os cabelos com a mão, pediu licença pra mulher obesa e catucou o menino que olhava sonhadoramente pela janela.
-Com licença, sabe me dizer porque esse ônibus demorou tanto? Quebrou ou coisa assim?
O menino começou a explicar, parecia tímido e surpreso, mas seu olhar pacífico era tudo o que precisava naquele momento.
Escutou um "HUNF" e a mulher gorda se remexeu incomodada na cadeira.
Olhou pro menino da janela. Ele já começara a sorrir. Ela sorriu de volta.
A mulher obesa trocou de lugar com ela.
Uma hora e dezesseis minutos sairia correndo.
Prendeu apertado o cabelo castanho, num rabo de cavalo e deixou os olhos verdes se perderem no horizonte.
Vislumbrou-o. Uma cena surreal: lentamente, vindo, revestido de uma fumaça que tornava sua imagem pouco nítida. Uma miragem.
Sorriu.
O ônibus nao estava lotado e surpreendenteente, nao sentiu vntade de xingar o motorita e amarrar a cara pro cobrador. Nao estava lotado, mas totalmente preenchido. Com exceção de um lugar, no fundo. Entre uma senhora obesa, de cara amarrada e um projeto de adolescente com fone de ouvido.
Sentou.
Ultima fileira do ônibus. O que a separava da janela, onde estava sentado um garoto que parecia ser da sua idade, perdido em pensamentos e imune a qualquer presença, era a senhora obesa.
E q senhora! Remexia o tempo todo no banco, resmungava algo ininteligível, suava cada vez mais.
Resolveu perder-se em pensamentos pra esquecer a presente cena que vivenciava.
Lembrou da última conversa com Marcelo:
- Vc já acordou?
- Agora sim, bobo. Vc me acordou.
- Mari, eu tava pensando...
- E isso são horas de pensar! - começou a dizer, beijando-o no peito e subindo pro pecoço.
- Nao, nao Mari - fez ele, afastando-a.
- An?
- Eu tava pensando sobre a gente. Dá pra coversar comigo? Vc parece que só pensa em sexo. Toda vez que eu digo que quero conversar sério sobre a gente, vc me seduz e evita o assunto!
- Eu te seduzo? Vc tá louco? Eu fui a única que transei noite passada? E sempre? - cobriu o corpo. Nao havia mais espaço pra intimidade diante daquela conversa. Apertou forte o lençol contra o corpo. Onde estavam suas roupas?
- Vc entendeu o que eu quis dizer...mas vai fingir que nao entendeu, como sempre! É isso que me cansa!
- Nao seja por isso - levantou.
- O que vc vai fazer?
- Vou embora, quero deixá-lo descansar.
- Nao foi isso que eu quis dizer. 'Pera aí...
- Já deu hoje, Celo. Se eu continuar aqui vai ser pior.
- Vamos conversar, Mari. Nao quero que vc saia assim, aqui de casa. Deixa que eu te levo.
- Não to afim de conversar, entendeu? - gritou, enquanto vestia a blusa. - Depois a gente se fala.
E ainda esperara uma hora e quinze, pelo ônibus. Não era de se estranhar que sua cabeça estivesse um inferno, há pouco tempo atrás. Chorara, enquanto andava pra parada.
Mas, estranhamente, alguma coisa, entre o tempo que esperou pelo ônibus e o tempo em que esse surgiu, mudou dentro dela.
Aquela sensação de leveza e vontade de compartilhar algo com alguém que lhe parecia bom.
Apertou o rabo de cavalo mais forte, alisou os cabelos com a mão, pediu licença pra mulher obesa e catucou o menino que olhava sonhadoramente pela janela.
-Com licença, sabe me dizer porque esse ônibus demorou tanto? Quebrou ou coisa assim?
O menino começou a explicar, parecia tímido e surpreso, mas seu olhar pacífico era tudo o que precisava naquele momento.
Escutou um "HUNF" e a mulher gorda se remexeu incomodada na cadeira.
Olhou pro menino da janela. Ele já começara a sorrir. Ela sorriu de volta.
A mulher obesa trocou de lugar com ela.
3 comentários:
que maravilha, paula!
muito bacana o seu blog..
me parece uma versão despudoradamente melhorada daqueles livros de júlia, bianca, sabrina: feminino sem de maneira alguma ser clichê. Autêntico.
confesso que agora senti uma ponta de orgulho por já ter puxado assunto com o menino bonito da cadeira da frente no ônibus;)
Ai mami...q orgulho de tuuuuu!
Acessível e sem pudor...
Tu és muito criativa demais.
Sai quando esse livro de contos?
Quase q Bukowskiniano!!
Adorei mui!
=D
Gostei desse teu blog, guria. As histórias são muito reais [mas com uma dose pequena e precisa do surreal], dá pra ver essas coisas acontecendo com qualquer pessoa.
Voltarei aqui mais vezes.
:)
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