sábado, 22 de janeiro de 2022

Carpe Momentum (e os passarinhos)


Há algo bem tranquilo nesse momento. Antes, afogueado por nossas vontades, mesmo às 14h30 da tarde, proibido e permitido pelo que juntos decidimos, ainda cansada, mas relaxada, coração de novo em compasso,  me pego escrevendo algumas linhas enquanto percebo a quantidade enorme de passarinhos que devem morar no telhado da casa e que cantam sem parar.

Há algo doce em mim mesma, mas ligeiramente desordenado, tempo, vida, morte, situações inesperadas, as páginas que escapam, as páginas escritas, as páginas rasgadas, ocultas, apagadas, as páginas em branco que me esperam e essa página de agora.

Há algo muito mais interessante até pra mim, no espelho, me permito os cabelos até um pouco assanhados, noto pela primeira vez a curva peculiar do meu sorriso, denunciando a minha ironia, minha forma natural de ver a vida e as coisas da vida, os pequenos e os grandes problemas e os meus olhos que conseguem se distrair com a lua e as borboletas, mesmo que passageiramente, mesmo que só no texto, mesmo que só agora, mesmo só hoje em que acordei amando dia, tarde e noite e estou esfuziante, mesmo que não dure e seja apenas um momento, há algo delicioso, gostoso, simples, leve, vivo (!) apenas em estar aqui agora.

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