sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Tremors


Eu parei um pouco, ofegante, esbaforida e encontrei um refúgio discreto e quente. 

Eu te agarrei pelos braços e te puxei comigo, meu corpo cabendo perfeitamente no abraço que você reservou pra mim, te protegendo, embora assim também me sentisse fortemente protegida.

Eu fechei os olhos e torci pra que fosse suficiente, o esconderijo era perfeito, não totalmente escuro, mas fracamente iluminado, cabiam apenas duas pessoas e a intenção de outra pessoa descendente dessas pessoas, mas era estranhamente confortável, era perfeito, discreto, seguro.

Eu mal senti quando a terra tremeu e quando fui sugada repentinamente pra baixo. Você tentou. Muito! Você ainda me segurou apesar do susto, você se esforçou e acreditou que conseguiria me manter por perto, você quis de verdade e com lágrimas que eu permanecesse ali. Você não desistiu de mim em nenhum momento e até quis cair comigo, o que eu, te amando, não permiti que acontecesse. 

E eu caía lentamente enquanto via o teu rosto lindo, triste e desesperado, me chamando, me querendo, me salvando, acreditando, sempre acreditando.

E eu achei que morreria quando terminasse, porque já me sentia um pouco assim antes disso e que meu corpo explodiria com a queda, mas estranhamente flutuei (ou seria meu espectro?) antes de chegar ao chão. 

Não havia nada que indicasse que era o fim, mas também não conseguia olhar pra cima e achar que não era, a escuridão apagando intensamente qualquer possibilidade. 

Mas você apareceu. Eu não vi teu sorriso, mas senti como se estivesse vendo, assim que aterrissou flutuante ao meu lado, achando tudo mais incrível do que trágico, como era bem da sua pessoa.

Senti teus braços, coube de novo e perfeitamente no teu abraço, fui recebida e outra vez recebi. 

Estava escuro, mas tava quente, estava estranho, mas tão real, estava parecido com o fim do mundo, mas pra gente era o começo e eu quase senti medo, mas você estava ali. 

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