O álbum amarelo de Etta James.
Fabiana sentia-se um pouco em todas as músicas.
O álbum perfeito pra escutar mais sozinha do que acompanhada, mais em dias de chuva do que de Sol, mais atormentada do que sossegada, só que estranhamente de bem com as próprias aflições (?).
E foi por isso mesmo que, depois de um longo banho e sem paciência nenhuma pra coisas supérfluas, vestiu apenas o roupão cor de vinho e recusou toda as chamadas do celular. Apenas as batidas do álbum e a voz de Etta James conversando de alguma forma com ela, ecoando por completo em sua sala/alma importavam.
Deixou-se cair na poltrona depois de preparar cantarolando o jantar e ter bebido três taças de um Pinot Noir guardado. "At Last" já havia tocado e tinha abandonado no ambiente aquele efeito embaraçoso de quem parece triste apesar de ter encontrado tudo que havia sonhado. Quase como se não acreditasse na própria sorte. Uma canção de amor e felicidade cantada por alguém já tão acostumado com a tristeza que ainda processa o fato do céu estar azul.
Pensou que o álbum poderia acabar ali. Com o sorriso encantado, o destino de perfeito, o sonho realizado. Mas ele continuava e as faixas seguintes... Fabiana enxugou as lágrimas depois de "All I Could Do Was Cry" e preparou-se pra receber "Stormy Weather". A chuva que não para de cair. O cansaço, a intensidade, o desassossego, a ausência de Sol no céu. A chuva que não para de cair.
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