sábado, 27 de setembro de 2008

Um parêntese para uma historia real

O sol do sertão queimava suas costas.
Olhou pro céu, olhou pro chão.
O buraco ainda quase raso, quase rente ao solo de seu terraço.

Já encontrava-se ali há três horas.
Tentava, com pouco sucesso, retirar o solo que transformara-se em pedra seca, em rocha dura com a secura.
Cavaria até a noite, pelo visto.

Nenhum homem da vizinhança, nenhum amigo de enxada, passara por lá.
Ontem a noite, recebera a curandeira, recebera seu cumpadre, sua irmã mais nova e o marido dela.
Quando o último suspiro calou, quando os olhos foram fechados, pessoas fizeram em nome do padre e foram embora.
Acendeu o candeeiro e velou o corpo de sua mãe.
Noite adentro, dia por vir.

Raiu o sol do dia e começara a empreitada.
Deus do céu, fazei o céu brilhar menos.
Sua mae deitada na cama, repousava o último sono.
Preparando-se pra dormir no solo duro do sertão.
quem sabe, assim, nascem flores.

Nenhum comentário: