sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ode aos descalços

Se ainda não bastasse o encontro frustrante ainda tinha que quebrar o carro.
E não sendo isso pouco, a chuva apareceu para cumprimentar o restante do dia.
Sim, era uma via movimentada pelo menos.
Mas mulher e só, não arriscou conferir o motor ou outras coisas que não sabia.
Esperou pelo reboque mergulhada em silêncio.

O silêncio é aterrador quando lhe convida para ouvir uma alma que não está em paz.
São tantos convites a pensamentos incômodos, proibidos, sufocados.
Temores, dúvidas, apreensão.
O que era, foi ou deveria ser.

Lembrou-se que tempos atrás o sapato apertara.
E oprimiu-a a tal ponto que deixou de calçar.
Os bons momentos pesaram de menos na balança.
E o sapato, colocado de lado, deu espaço para seus pés descalços.

Doía pensar mas agora parecia-lhe que a dor ainda era maior quando usava aquilo que não mais lhe servia.
E a decisão que fizera algo por ela, certamente, iluminou aquela noite e iria iluminar o resto de seus dias.
E foi sorrindo que esperou consertar o que quebrou.

P.



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