segunda-feira, 11 de maio de 2015

Um adeus ao azedume

Sabia que, no fundo, havia esperança de esperar algo bom.
Não era que existisse, de fato, inocência em suas intenções.
Seus olhos que viram mais do que gostariam, exigiam-lhe boa dose de ceticismo.
Era que tinha, dentro dela, algum masoquismo mal resolvido, uma intenção maléfica de tentar outra vez mesmo sabendo o quanto doeu, o quanto doía e o quanto de dor ainda poderia esperar daquilo.
Tentava gostar de ser tratada a pão de ló e cerveja mas nunca achou que merecesse sonho ou qualquer coisa doce.
Recebia, como distração, belos gestos que achava não caberem em sua vida.
Queria o retorno, a volta, o giramundo idiota que insistia em permanecer como vício.
Haveria um dia em que aquilo mataria, consumiria ou libertaria em definitivo.
Hoje, mais de vinte anos depois, pensava na estranheza daqueles dias.
E se deleitava recebendo sorvetes na boca. 

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