terça-feira, 19 de outubro de 2010

Chefe

Cruzou as pernas.
As unhas bem pintadas apertavam o sofá onde se sentava, quase rasgando e fazendo algum estrago.
Ele continuava a falar e soltava milhoes de palavras que ganhavam formas e cores ao redor de si, deixando-a em completo torpor.
Atordoada, tentou pedir que parasse, mas as palavras - que sobravam pra ele - faltavam-lhe no momento. Engasgada, soltou quase um "ai", mas deixou-se ficar muda.
Quando ele terminou, levantou-se. Com um último olhar, deixou a sala em silêncio.
Quem nao observasse, de perto, todos aqueles rasgos no sofá, nem saberia que passou por ali.

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