sexta-feira, 15 de julho de 2022

Typewriter

A vontade de escrever persiste, embora a inspiração tenha partido.

Minha necessidade por letras, de imediato, transfere-se para a leitura porque, definitavamente, preciso delas para me movimentar.

Sem poesia, assino essas linhas em contumaz insistência.

Teimo com o que quer que me impediria de escrever, abnego meus próprios argumentos, ignoro a pouca paixão por esse texto, continuo colocando um próximo parágrafo depois desse. Não quero parar. 

A vontade de escrever existe, embora a inspiração não.

Algumas coisas partem, outras findam bruscamente, algumas fazem uma volta longa para apenas girar no mesmo lugar. Raras coisas se transmutam e se adaptam sem se perder completamente. Permanecer não permanece. Se permanece, é diferente. Como esse pedaço que está aqui. 

A vontade de escrever insiste, embora menos dependente de inspiração. 

Reconheço, claro, nas coisas e pessoas, nos momentos e movimentos, no que respiro e no que transpiro, nos minutos e nos segundos, grandes impulsionadores de longos textos.

Embora agora, nesse instante singular e particular em que - resoluta e sincera - assino essas linhas, more apenas a singela vontade de fazer nascer alguma coisa que acene de volta e com alegria para aquela menina estranha que pediu uma máquina de escrever em vez de um outro presente de natal e que algumas vezes me fala (quando não me grita): continua.