terça-feira, 21 de setembro de 2021

Já me sinto melhor

Eu estou gastando meu tempo de intervalo do trabalho com minha terapia. Com ela, o gosto na boca é esse que sinto com a antecipação de um novo texto e não o de lágrimas.

Fico receosa de escrever aqui algumas verdades ou boas mentiras, mas embora saiba que um dia poderei ser lida (o que duvido, ninguem se ocupa mais com blogs, muito menos comigo ou com o meu), nao consigo abandonar esse espaço em que me visito. É um bom amigo das madrugadas, aquelas em que eu nao quero estar sozinha com meus atuais pensamentos e visitar os antigos, me ajuda um pouco a encontrar algumas partes de mim totalmente esquecidas. A verdade é que eu gosto de me visitar. Gasto boa parte do meu dia sendo bombardeada com sensações boas, transmitida pelos personagens que estao ao meu redor, mas as madrugadas...

Nas madrugadas, quando eu abro os olhos, não consigo evitar: vejo um destino cruel pra grande parte das pessoas que amo cada vez mais próximo. E não estou com elas nesse momento, a distancia, a pandemia, me impede de compartilhar suas dores e isso maltrata. A impotencia maltrata. Entao, minhas madrugadas de insonia sao como obstaculos que preciso vencer de alguma forma pra acalmar meus sentimentos. Minha ansiedade. Escrever tem sido isso pra mim. Fluoxetina.

Faltam dois minutos pro intervalo acabar e eu cair no mundo do problema dos outros. E eu gosto, gosto muito de "salvar" pessoas. Sempre consigo achar soluções pra elas, sempre dou um jeitinho e se nao consigo, ah, eu tento. Tento muito. Mesmo não conseguindo ter essa disposição pra mim. 

Entendes agora pq sempre volto aqui? 



sábado, 18 de setembro de 2021

Nunca quis que parecesse propaganda de filtro solar

De onde vem a inspiração? 

Do copo fumegante de café que tomo agora?

Das manhãs de sábado em que eu consigo passar o dia inteiro com quem amo? 

Do início de um bom dia que minha filha de dois anos ainda nem sabe que mora no sorriso dela? 

Da renovação diária do amor escondida nas pequenas coisas e no primeiro beijo da manhã? 

Do silencio confortável no meio da melhor conversa? Da conversa?


De onde vem a inspiração?


De textos piegas, tranquilos, apaixonados? 

De momentos de pura tristeza, da depressao?

Dos dias totalmente cinzas em que a cor - teimosa! - nao aparece?

Das frases inocentes, das pouco prudentes, do girassol no jardim, do livro que li, do sonho, do silêncio da madrugada, do burburinho do dia, do eco dos sorrisos que acalmam minha alma, da minha alma, de mim? 

Dos momentos em que calo, querendo me fazer entender no silêncio?

Das plavras que derramo, sem lógica, na lógica, no sentido?

No teu abraço? Nos não-abraços?

De onde vem e por quê? 


(Tenho deixado pequenos pedaços de mim em cada linha que escrevo. Recebo de volta, transformação. No abstrato que mora na necessidade de começar e terminar um novo texto, nem sempre consigo enxergar todas as coisas ao meu redor que o tornariam belo. Nem quero. Que me perdoem, mas nunca foi pros outros, sempre foi pra mim.)


Às vezes, vem da troca constante das lentes que me permitem enxergar as mesmas coisas com novos olhos; outras, nos dias em que enxergo embaçado tudo o que está ao meu redor. 

Agora, bem agora, está na ponta dos meus sapatos.

No claro, no escuro, no contraste que tenho aprendido a amar em mim. 


Nos melhores dias. 

E nos piores também.


terça-feira, 14 de setembro de 2021

Clavícula

Estou encostada na parede e essa é a posição em que eu mais gosto de ser beijada, no entanto, estou sozinha e não te vejo em lugar algum…
Faz tempo, muito tempo que te procuro, me encostando assim em lugares que talvez receba, de surpresa, não o teu gosto, mas tua presença, esperando e esperando, ignorando tudo o mais e o resto, dormindo as mesmas noites desejosas e solitárias, não do teu gosto, mas do resto, do silêncio confortável depois de tudo, da forma que meu rosto encaixa perfeitamente perto do teu pescoço, como se chama? Clavícula. De todas as formas que adormeci e sonhei encostada na tua clavícula e acordei de alguns sonhos bons… e de outros, sem importar(!) porque o cheiro, o teu cheiro e o resto, me dá nova vontade de morrer e de viver de novo, mas fazer amor outra vez parece sempre ser a melhor ideia (pro momento) e tanto ali quanto aqui, eu não te digo, mas você sabe e você sente. Você sempre sabe e sente. E é por isso, mais por isso, que estou encostada na parede agora. 


(Tenta ler em um gole só, como quem vira cachaça, parece funcionar melhor assim). 

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Estou acordada, amor

Vim de sonhos tranquilos dessa vez,

especiais


Ainda é bem cedo, mas queria compartilhar algum contigo… 

E te escutar falando de volta até sobre os sonhos que já esqueceu.

sábado, 11 de setembro de 2021

Laguna

Seu cheiro era cítrico e refrescante, perfeito pra dias de primavera. 

Estava consciente de todo o resto, dos gestos, do timbre da voz, de cada assunto que iniciava. Achava tudo interessante, queria estar ali, queria estar mais um pouco ali. 

Quem dera conseguisse continuar querendo. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

2000 e (muito) poucos ou Crepúsculo

 (…)

Não sou feia, nem bonita, mas tenho 20 anos e vivo em uma época em que os padrões de beleza ainda estão nas revistas e não em explosões de câmeras digitais, por isso me preocupo pouco  com meus quilinhos a mais/a menos sem intenção de me matar por isso. Ainda não. 

Me penso perdidamenre apaixonada por um “punk” paulista de cabelo moicano com quem converso pela internet e que me apresentou Will Eisner. Se eu o amar durante a vida inteira vai ser por isso. Exclusivamente por isso.

Estou fazendo amizades pela faculdade e ja me sento em um banco que logo mais estará cheio de pessoas que sigo adorando conhecer. Tinha acabado de abandonar o livro de Kant pela hq de X-men e nunca esperaria, em nenhum momento, ser avassaladoramente transformada por uma presença. Mas foi ali que te vi. Naquele exato momento.

Você tinha um olhar diferente. Não era triste, nem distante. Não estava ali, não iria notar minha presença, não iria se dirigir a mim. Nunca estaria ao meu alcance.

Te acho lindo do jeito certo e você sim, você tem os padrões de beleza dessa época e das que virão pela frente, mas nem foi por você ser alto e de tirar o fôlego. Foi por você está de preto. Completamente de preto.

(…) 

sábado, 4 de setembro de 2021

Ontem, mergulhada na escuridão da varanda, sem ninguém pra me acompanhar, deixei meu corpo repousar em silêncio.
Tinha um cálice de vinho pela metade nas mãos e ouvidos atentos aos sons da madrugada.
De longe, uma criança utilizava de seu reduzido vocabulário pra chamar alguém. Provavelmente pra protegê-la, embalá-la ou ajudá-la a voltar aos seus sonhos azuis.
Como que um alerta, olho pro visor que me mostra se estás adormecida ou acordada.
Pode chamar sempre que precisar, filhinha.
Nada é mais urgente do que um pedido teu. 
Irei sempre te ajudar a voltar pros sonhos.  


sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Da minha pequena bolsa pulsante

No silêncio encontrei as respostas

Aquelas, que sempre procurei

Da busca incenssante, do vazio

do que tenho em mim

do que nao tenho em mim


Quero girar no carrosel de emoção dos outros

Quero engolir alguns poucos sorrisos

E até nas lágrimas, me encontrar um pouco

Preenchendo minha pequena bolsa pulsante


Vendo.

Ouvindo.

Sentindo.

Sempre.

Sentindo sempre.


O que no peito tanto me cabe,

 o que na alma pouco aglomera,

o que da vida nunca ressinto,

 o que no fim ainda me espera,

o que eu quero e ainda admito, 

do calor que teima e prospera,

do que me falam e ainda acredito,

da expressão no rosto sincera

do fim, do meio, do início

do que volta, fica,

reverbera.