quarta-feira, 22 de março de 2023

Diálogo com Sandman ou discussão continuada com o Rei do Sonhar

- Você sempre soube do perigo que envolvia a obra, então por que, exatamente, continuou a empreitá-la?

Ele não respondeu. Claro. Sandman, Rei dos sonhos, levantou os olhos pra mim e sem palavras me notificou o óbvio. Estava na sua própria essência, sua razão de existir.

- Você continua visitando o meu reino e ainda assim não compreendeu?

-Não compreendo o que não faz sentido.

- Então acho que está na hora de parar de visitar o Sonhar, não acha?

-Sim, claro, mas depositei algumas histórias nas estantes. Devo pegá-las com Lucien?

- Se abandonar o Sonhar, deve abandonar também todas as histórias que depositou nele.

- São minhas, eu as criei. É justo tomá-las de volta.

- E o que você faria com as histórias que sonhou em um mundo sem sonhos?

- Serão como contos, fantasias. Morarão no meu criado-mudo. Posso olhar pra elas antes de dormir.

- Você dormirá com seus sonhos de lado e acha que isso a impedirá de sonhar com eles?

 - Não são mais meus sonhos. São apenas histórias.

- E o que a impede de abandoná-las então?

- Eu...

- Você quer carregar parte do meu mundo com você, mesmo negando a importância dele. Como soberano de tudo que está aqui, devo continuar minha missão.

- Mas..

- Espere! Ainda não terminei. Vá agora e não volte. Mas dos seus sonhos eu cuidarei. De cada sonho abandonado. É o que faço.

Ela sabia que ele falava a verdade. Era Sandman e no que competia a qualquer tipo de sonho, inclusive os abandonados, ele tinha um conhecimento muito maior do que ela. Virou as costas desolada. Pé ante pé, iniciou sua partida do Sonhar. Era tão decisivo quanto difícil dizer adeus.

( ) Primeiro Final (optativo, universal):

- Humana, espere.

Olhou pra figura Perpétua e grandiosa que dava sentindo àquele mundo e quase tanto ao seu também e se surpreendeu com o que parecia quase um sorriso no rosto (?) dele. 

- Continuarão na estante se decidir voltar.

- Vai cuidar bem deles?

- Humana, sonhos não são feito de carne e osso, são ideias solidificadas, por isso o que você entende como ameaça e destruição não os destruirão. "Ideias são à prova de balas".

-Quer dizer que não morrerão?

- Quer dizer que como Morpheus vou continuar guardando cada sonho abandonado e que mesmo que os seus não a alimente e sirva mais, estarão na minha estante para servir e alimentar os sonhos de outras pessoas que deles precisarem. Durarão mais que a sua própria existência. Percorrerão as estradas do tempo quando não estiveres mais aqui e assim como outros sonhos que estão nessas estantes, impulsionarão as criações fantásticas e absurdas do seu mundo. Até o fim.

- O mundo é feito de sonhos abandonados é o que diz Rei do sonhar.

- O mundo é feito por histórias que já foram sonhos. E os mais difíceis são os mais fáceis de abandonar.

-Então até os difíceis...

- Até os impossíveis. Vá.

Me tranquilizou, Sandman.


( ) Segundo Final (Optativo, simples e íntimo):

- Humana, espere.

Olhou pra figura Perpétua e grandiosa que dava sentindo àquele mundo e quase tanto ao seu também e se surpreendeu com o que parecia quase um sorriso no rosto (?) dele. 

- Continuarão na estante se decidir voltar.

- Vai cuidar bem deles?

- É tudo o que faço. É quem eu sou.


(Em vez de licença, peço perdão poético à Neil Gaiman e Alan Moore por tudo que emprestei nesse texto. Inclusive por ter escrito dois finais. É muito difícil escolher como um sonho deve terminar).

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