quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Renascentista

Como pintora era boa, mas não excelente.

Tinha mais vontade e amor pela arte do que habilidade.
Sabia - no entanto - que combinava bem as cores e percebia onde encaixá-las exatamente na tela. Era colorista. 

Fazia tempo que deixara uma obra inacabada. Falar "obra" é ser generoso e falar "trabalho" não cabe, é arte, então, digamos que seja um quadro. Um quadro inacabado. 

Nas primeiras pinceladas, o quadro já foi além do que esperava. As cores, os desenhos, as ideias que prometia na tela, os espaços preenchidos com expertise, a execução meticulosa, a beleza, a intensidade, a sinceridade, as formas. Tudo maior e melhor, muito além de sua executora. 

Era um quadro tão lindo e admirável que não conseguia visualizá-lo no meio de todas as outras obras já finalizadas.
 
Seu precioso pretenso perfeito abandonado quadro. Inacabado.

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