Ele estava profundamente calado, sentado, olhando para a paisagem do lado direito de sua janela.
Da minha parte também não se ouvia som algum. Dirigia, sem qualquer rumo, levando-nos para lugar nenhum e todos ao mesmo tempo.
Bem baixinho, no volume dezessete, tocava minha playlist de clássicos de Blues. Nas idas e vindas das notas, virava o carro para direções inusitadas, nos permitindo não ter destino e enveredando por uma estrada de barro que surgia à esquerda.
Havia o silêncio das nossas falas e as falas que existiam no nosso silêncio sinergindo com a música negra e triste que ecoava muito além do carro.
Havia um caminho desconhecido à frente, inexporado, descampado, tortuoso, duro.
E o sol, laranja, avisando que deveriam ser quatro da tarde. Minha hora preferida.
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