terça-feira, 23 de novembro de 2021

Adeus no Porto

No cais do porto, ele, Elvis, enxergava as luzes sumirem no horizonte.

As mãos por dentro do bolso, único sinal de que talvez sentisse frio, denunciavam a postura de quem continha ou escondia os próprios sentimentos. 

Retirou uma das mãos e alisou o cabelo escuro, como que se arrumasse os fios que o vento teimava em tirar do lugar, conseguisse também arrumar um pouco a confusão particular que sentia. 

As luzes, pontos brilhantes cada vez menores no horizonte, tão belas quando não significam separação, levavam pra longe partes de uma história que nunca estaria suficientemente preparado a se despedir. 

Ele, Elvis, não entendeu quando uma lágrima escorreu pelo seu rosto, mas também não impediu que outras seguissem o mesmo caminho e chorou ao lado do mar de Silv’ry.

As mesma luzes que, efusivas, anunciavam chegadas, também, um dia, anunciavam partidas e enquanto ele, Elvis, chorava um adeus nesse porto, alguém, em algum lugar, abria um sorriso em outro. 


“I saw the harbor lights

They only told me we were parting

The same old harbor lights

That once brought you to me”.


***Inspirado em Harbor Lights de The Platters, versão gravada por Elvis em 1954.

Nenhum comentário: