Deixei o corpo de Franz quente na cama e o olhar que sempre indagava, mas ao mesmo tempo compreendia se eu não quisesse responder às perguntas em seus olhos.
Corri pra varanda, um pouco suada e cambaleante, ansiando que o frio da noite profunda e da madrugada acalmasse a confusão que aqueles sonhos (?) haviam deixado marcada em mim.
Olho pras minhas mãos que tremem, esperando encontrar a arma e a flor que evaporaram tão rapidamente quanto surgiram.
Sinto um vazio profundo por não ser mais quem eu era poucos minutos atrás e abraço meu corpo, querendo gostar de mim também agora.
Onde estava a saia lápis, o charme e os cabelos que achei lindos? Onde estava a juventude ou a maturidade que há pouco tempo, em sonhos, vivi? Onde estava o alívio causado pela fumaça invadindo meu corpo do cigarro que abandonei no quarto? Onde estava o encanto pela minha beleza, pela lua no céu, alta e prateada, anunciando pra noite que eu estava ali?
Estava?
Tenho desenvolvido vício por varandas, aceitando bem também as brechas nas janelas. À noite.
Ali, na vigília, deixo o frio e o silêncio, acalmar os pesadelos que sempre me atormentam quando tento dormir. Estou perdida no tempo, querendo ontem e amanhã, mesmo amando o agora. Lá dentro, vejo que Franz apagou a luz, me chamando do jeito dele a voltar pra cama.
As pequenas luzes da manhã começam a invadir o meu momento e expor pro mundo toda a minha confusão. Incomodada com os primeiros raios de sol, deixo pra trás a noite que amo, esperançosa e disposta a amor o dia. Também. E talvez.
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