sábado, 18 de setembro de 2021

Nunca quis que parecesse propaganda de filtro solar

De onde vem a inspiração? 

Do copo fumegante de café que tomo agora?

Das manhãs de sábado em que eu consigo passar o dia inteiro com quem amo? 

Do início de um bom dia que minha filha de dois anos ainda nem sabe que mora no sorriso dela? 

Da renovação diária do amor escondida nas pequenas coisas e no primeiro beijo da manhã? 

Do silencio confortável no meio da melhor conversa? Da conversa?


De onde vem a inspiração?


De textos piegas, tranquilos, apaixonados? 

De momentos de pura tristeza, da depressao?

Dos dias totalmente cinzas em que a cor - teimosa! - nao aparece?

Das frases inocentes, das pouco prudentes, do girassol no jardim, do livro que li, do sonho, do silêncio da madrugada, do burburinho do dia, do eco dos sorrisos que acalmam minha alma, da minha alma, de mim? 

Dos momentos em que calo, querendo me fazer entender no silêncio?

Das plavras que derramo, sem lógica, na lógica, no sentido?

No teu abraço? Nos não-abraços?

De onde vem e por quê? 


(Tenho deixado pequenos pedaços de mim em cada linha que escrevo. Recebo de volta, transformação. No abstrato que mora na necessidade de começar e terminar um novo texto, nem sempre consigo enxergar todas as coisas ao meu redor que o tornariam belo. Nem quero. Que me perdoem, mas nunca foi pros outros, sempre foi pra mim.)


Às vezes, vem da troca constante das lentes que me permitem enxergar as mesmas coisas com novos olhos; outras, nos dias em que enxergo embaçado tudo o que está ao meu redor. 

Agora, bem agora, está na ponta dos meus sapatos.

No claro, no escuro, no contraste que tenho aprendido a amar em mim. 


Nos melhores dias. 

E nos piores também.


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