domingo, 28 de maio de 2023

Esperável

Era de esperar que a tristeza fizesse morada já que alugou o seu corpo e mente por tantas estações que ao findar tomou-lhe de surpresa. 

Era de esperar que continuasse a expurgar desalentos através de histórias e que terapeuticamente desembaraçasse sentimentos em parágrafos de textos.

Era de esperar que desse voz à sua voz através dos altos e baixos de seus personagens e que continuassem perpetuando em linhas o que quer que lhe despertasse vontade de eternizar.

Era de esperar que calasse por alguns longos períodos em que  a confusão não poderia, deveria ou conseguiria ser transpassada ou que não existisse sequer um ponto para dizer. 

Era de esperar que calada também transmitisse, nas elipses, nos entremeios dos textos, nas reticências, no chamado mudo para que continuassem-lhe a história.

Era de esperar que não parasse o que lhe sempre fora, era e seria essencial. Era de esperar. 

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