Uma suspensão no burburinho do bar, nas notas da música e até do tempo: tudo interrompido por sua chegada.
No meu corpo, os velhos arrepios também denunciavam sua presença. E uma dor pungente, como um soco, no meio do estômago acompanhada de um gosto amargo na boca.
Embora estivesse de costas e assim pretendesse permanecer, senti cada um dos seus passos desbravando cadeiras, mesas e pessoas, até chegar ao meu encontro. Mantive-me firme até quando chamou pelo meu nome, mantive-me estático até quando tocou em mim.
Não anestesiei, entretanto, as emoções que me perturbavam. Não interrompi, todavia, a confusão que se agitava em mim. Certamente não deixei de sentir-me tocado da forma mais profunda quando seus dedos me tocaram da forma mais leve e nem pude deixar de amar e amaldiçoar ao mesmo tempo sua voz entoando o meu nome.
Mesmo querendo de forma intensa ignorar sua presença e utilizando cada uma das minhas forças para fazê-lo, sabia que nunca havia morado em mim resistência necessária para desatender o amor.
E, assim, contrariado, atendi o chamado. Desvirei-lhe as costas.
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