quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Garçom,

Ela levantou com a leveza que eu não sentia.

Enquanto saía da mesa por alguns instantes, deixei a vista caminhar sobre a paisagem e os pensamentos se perderem por territórios que nunca gostei de visitar.


Sem permissão, notei meus pés tomando o rumo e a direção da saída e rapidamente fiz com que voltassem ao lugar em que fiquei esperando por ela e torcendo pra que ninguém ao redor tivesse percebido a minha intenção de deixá-la sozinha. 


Corrigi a postura, acalmei os pés, pedi pro coração perdão, pra cabeça vontade e pra mim mesmo coragem, mas me peguei vagueando outra vez, sem rumo, sem compreender pra onde iria e sem saber dessa vez como voltar.

 

As saídas ao redor pareciam diferentes. Eram simples saídas, não envolviam dor, tua cabeça baixa e teus olhos cobertos de lágrimas. Desesperadamente, tentei mais uma vez voltar, procurei teu caminho, quis te encontrar em cada passo, cada acerto, cada lapso, cada vez que me vi consciente de mim e que deparei com outras pessoas e coisas parecidas com o amor, sabendo que jamais encontraria de novo a leveza que me deixou por pequenos instantes sentado na mesa. E que eu não soube esperar.


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