sábado, 25 de dezembro de 2021

Natal II

Abri o caderno e parei.
Pela primeira vez me faltaram palavras.
Ah, sentimentos não, os sentimentos estavam ali.
Na verdade, estavam até em profusão, em demasia, explodindo e engasgando e eu querendo que eles saíssem na ponta do lápis pra dizer…
o que quero dizer?

Me confundo, há vontade, há desejos, há votos e o que mais? 
Estou tentando, estou buscando, estou rememorando mil coisas,estou fantasiando outras mil,estou me esforçando pra escrever cada uma dessas palavras, tentando acompanhar os batimentos cardíacos acelerados, paro, me perco, tento voltar, remendo, respiro, me esforço o tempo todo e…o que quero dizer? Não consigo…

Eu acho que já falei demais pra quem não dorme bem há dias e acho que estou bem demais pra quem na verdade não está bem, mas sei que queria muito que um gole de cerveja acalmasse minha mente como acalma o meu corpo, queria muito que as risadas do dia de hoje fossem mais que um alívio e que quero, de verdade, celebrar a reunião desse dia não como um ato solene, não como uma data comemorativa, não como uma ocasião. Quero celebrá-la como o sopro de vida que sustenta tudo. 

Reli um texto em que mergulho no natal como uma época mágica. Revi nas memórias que guardo na cabeça alguém que se vestiu de papai noel apenas pra me animar e terminou animando toda uma festa.Senti nos intervalos da respiração do meu pai doente (outrora, o Noel), no momento que não me permiti pensar em alegria,um golpe no peito de espiritualidade pra continuar. Rezei ali,de olhos fechados,sem saber mais nenhuma oração,desejando da minha forma um feliz natal.

Estou engasgada, é uma mistura, mil coisas, da recepção de uma criança tocando corneta e acordando toda vizinhança, o que me faz sorrir, ao momento em que não consigo entender o que o dia de hoje significa exatamente pra mim e choro um pouquinho aqui e ali, embora esteja bem calma escrevendo esse texto.
Mas vou terminar, porque eu já sei, não é muito, é bem pouco, apenas o que posso retirar de mim hoje, bem singelo, mas sincero, com vontade e de verdade, recebe aí, como um abraço, que seja feliz. Feliz natal. 

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