quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

O livro de poesia

"Um arco-íris numa noite escura". As palavras eram de Saramago, em um livrinho pequeno, de poesia, pouco popular, depositadas quase no final. 

Me entregou como um presente, junto com a frase "lembrei de você. lembrar de mim é lembrar de você”. 

Eu não me sentia nada, mas aparentemente, as cores que percebia em mim, refletiam um colorido que fui aprendendo a enxergar com o tempo, embora vez ou outra bambeasse em contrastes. 

Pragmático, ele não gostava tanto e não era um entendedor profundo de poesia. Me contou que sempre teve dificuldade em compreender aquele soneto famoso de Camões sobre o amor, enquanto eu o sabia milimetricamente decorado. O importante nunca se tratou do significado do livro de Saramago ou do que dizia Camões, mas o gesto. Havia me enxergado em um livro de poesia, descoberto minhas cores e, continuamente, me chamava atenção pra elas.

Era como se dissesse que eu era linda de várias formas e, mais do que isso, me fizesse sentir assim.


"...e toda a gente saiu das cidades para ver as sete cores sobre o fundo negríssimo do céu". (O ano de 1993, José Saramago).


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