quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O nome da minha filha é Eva e recentemente, quase agora, ela criou uma amiga imaginária. 

Supersticiosa que sou, começo a fazer algumas perguntas, atrapalhando a brincadeira entre as duas que parece bem divertida. O nome da invisível é Tina, ela tem uma altura que vai do chão até o teto e o corpo todo vermelho porque "algumas pessoas podem ter o corpo todo vermelho", segundo Eva. Pergunto se a amiguinha é criança ou adulta e me surpreendo quando ela me responde que é "grande" e começo a filosofar sobre o significado da palavra.

Pessoas pequenas podem ser grandes e o contrário também vale. Vai além da altura ou faixa etária. Então, Tina, a grande invisível, que nesse momento está conversando com minha filha, me parece maior, eis que surgiu tão de repente na minha casa que não tive tempo de me preparar para recebê-la.

Na minha mente, ela cresce assim: será alguma falta minha? Será que não estou dando atenção suficiente? Será que estou trabalhando muito? Será que ela sente falta de um irmão? Será que deveria ter levado ela pro parque? Será que ela tem assistido muita televisão? Será...

Embora minha filha esteja sorrindo e se divertindo com o universo que criou, como mãe, passo a me questionar como sempre. Há nas mães esse dever de enxergar até por detrás do sorriso, uma preocupação intensa que ele seja intenso e verdadeiro e uma responsabilidade constante de preencher qualquer ausência ou falta do filho. 

Ah, Tina, eu queria ser a melhor amiga da minha filha, mas sei que não. Sempre vai existir um espaço em que os instintos inerentes à maternidade, me impedirão o estado de relaxamento necessário e adequado em que se conquista um melhor amigo. E que os da minha filha, visíveis e invisíveis, sejam os melhores. Há nas mães, também, esse costume constante de torcer.

Nenhum comentário: