segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

O taurino

Entre tantos estigmas, os taurinos carregam com eles o status de serem lentos e inflexíveis.

Só que ninguém entende que o que faz o taurino demorar a tomar uma decisão é a lealdade que deverão a ela. Sim, abraçarão com tudo o que lhe pertence o que a envolve. Fácil ou difícil? Não importa. O taurino não analisa isso. Não tem medo, pudor ou vergonha de enfrentar o difícil. Encara o todo. O todo. O taurino vai. É quando caminha. Quando tem certeza.  

Há nos taurinos essa coisa de serem terrenos e extremamente sensoriais. Paladar, olfato, tato, visão, audição, tudo ligado ao momento. Ao que existe. Ao tangível. O taurino está. É presente. O taurino abraça o presente. Ele enxerga as coisas que estão acontecendo com um pouquinho de intensidade, sabe? É quase bobo. Um pássaro no jardim, uma folha diferente, a joaninha que pousou na sua mão, o suor escorrendo nas costas de um dia gostoso de Sol na praia, cada gole da bebida, esse timbre que o cantor ousou, a melodia que dá son(h)o, o toque de carinho, o aperto de paixão, os bons abraços. O abraço é corpo todo com corpo todo. É acolher um corpo. Pra um taurino é especial. Seus abraços, os que gosta de dá, são verdadeiros. Ele realmente está ali abraçando e sendo abraçado. Não é aperto, quem o conhece sabe que não. É apenas... de verdade.

Dificilmente um taurino olha pro passado. Na mente dele, tão presente, tão leal com o momento, tão comprometida com o que vive, não faz muito sentido. O taurino, no entanto, reconhece que é formado da matéria de tudo o que já viveu. Do que viu, comeu, bebeu, engoliu, cheirou, tocou, sentiu. O taurino é formado pelas partículas de moléculas de onde verdadeiramente pisou coexistindo com as partículas de moléculas onde verdadeiramente pisa. E o taurino pisa de verdade. E está. E ele até publica alguns textos. Nos intervalos do agora. 

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