sábado, 22 de janeiro de 2022

Entropia VI

Ela estava de costas. Os cabelos não eram longos e nem voavam mais com o vento porque não havia vento e quase não haviam cabelos.

Ela estava muito magra e acho que eu conseguiria segurar seus dois punhos com apenas uma das minhas mãos, mas o corpo, embora esquálido, carregava e emanava aquela vitalidade que me fazia respirar. Senti que o ar voltava aos meus pulmões e doía um pouco porque voltava com tudo, com força, sem delicadeza, de uma vez. Minhas lágrimas caíam livremente, mas não sabia identificar de onde vinham, de qual tipo de dor emanavam, porque eu sentia tantas e ao mesmo tempo e todas elas me pediam pra chorar com desespero, mas eu quis enxugar qualquer uma antes de falar com ela, já que queria que a primeira impressão fosse de um sorriso. E ela gostava do meu. Tinha que reaprender a sorrir.

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