terça-feira, 4 de janeiro de 2022

O dia em que comecei a escutar David Bowie

Meu ouvido demorou a amadurecer. Não é que eu nunca tenha escutado musica boa (e esse conceito, eu sei que é bem relativo), mas é que eu demorei a escutar David Bowie.

Esperei, sabe? Uma noite em que faltou luz. Tínhamos muitos planos pra essa noite, envolvendo uma pizza de brócolis (?) e um vinho que já estava na temperatura ideal. Sem energia, o liquidificador não funcionaria e nem o soundbar. Mas o vinho estava ali, a vontade estava ali e era quase o dia de lançamento de Blackstar e o artista havia morrido. Fizemos o que podíamos com o brócolis, amassando e prensando-o de alguma forma e colocando no forno com alguma fome e muita esperança.

A pizza tava horrível, o vinho tava ok, mas haviam as velas, nossa pequena mesa de bar amarela na varanda, uma noite silenciosa e Bowie pra escutar. 

E nesse cenário, como em qualquer outro, o disco tinha a capacidade mesmo funérea de deixar tudo mais profundo e  inesquecível. Naquele dia, o epitáfio de Bowie bateu de uma forma que eu queria, quis e quero (porque nunca vou parar), muito mais dele.

Assim como a chegada e os movimentos extraterrenos que conquistaram e embalaram antes tantos e tantas histórias durante sua vida, a partida e despedida cantante que Bowie deixou marcada em seu último disco, chegaram em minha casa e invadiram o que poderia ter sido apenas uma noite de pizza ruim, sem energia. Mas tinha vinho e Blackstar. E mais uma pra coleção de historias inesquecíveis sobre ele. 


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